Conscientização da infertilidade

A infertilidade é um problema que afeta casais do mundo todo, por isso a necessidade em se trabalhar a conscientização da doença. Acompanho as mudanças desse cenário ao longo de 27 anos de profissão, 23 destinados à reprodução humana. Falar abertamente sobre o assunto é uma barreira que vem se rompendo.

Antes, por exemplo, apenas a mulher ia às consultas de investigação, mas, agora, em 90% dos casos, o casal vai junto desde o início dos procedimentos. Não se falava também que uma criança havia sido fruto de uma fertilização, era vergonhoso. Isso já não faz parte da realidade; avançamos. Ciclos quebrados.

Mas, então, por que ainda precisamos discutir tanto esse tema? Porque, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, entre 15 a 20% dos casais em idade reprodutiva ainda sofrem com a doença. Isto é, um em cada seis casais terá essa dificuldade. É importante falar sobre infertilidade, porque a idade da mulher é um fator crucial para o sucesso das tentativas.

Até os trinta anos, ela tem apenas 25% de chances de engravidar pelos métodos naturais. Já aos 40, essa taxa ao mês é de apenas 5%. Uma queda brusca em um espaço de apenas 10 anos.

Portanto, o planejamento precisa acontecer antes de se tomar a decisão de adiar os planos de aumentar a família. Caso contrário, as chances de se deparar com a infertilidade no futuro é bem maior.

A infertilidade é, acima de tudo, uma doença que danifica a alma. Você olha para o mundo e o mundo consegue engravidar. O casal que não pode, acaba se isolando. Entender a situação ajuda a diminuir as dores. Se massificarmos o debate, passamos a contar com a principal ferramenta que contribui na busca por ajuda especializada com antecedência: a informação.

Evangelista Torquato
Médico especialista em Reprodução Humana