A agricultura familiar perde força e a fome volta a bater à porta dos lares brasileiros, uma vez que o agricultor enfrenta desafios para permanecer no campo e, por conta disso, maispessoas deixam a atividade. Um estudo do VIGISAN indica que 55% dos domicílios brasileiros se encontram em situação de insegurança alimentar, dos quais 10% convivem com a fome e 12% dos domicílios de áreas rurais vivem em condições piores. É urgente fortalecer a agricultura familiar para a permanência das famílias em seus territórios com trabalho, renda e dignidade, para que possam produzir alimentos saudáveis que eliminem a fome, a pobreza e as desigualdades, com sustentabilidade ambiental.
Uma das preocupações do planeta atualmente é com a fome e com a agricultura sustentável (ODS 2). O Brasil é um dos países que mais produz alimentos no mundo. A agricultura familiar preza pelo policultivo e pelo viés agroecológico. Os produtos que chegam à mesa dos brasileiros vêm da agricultura familiar. Apesar da sua importância, nos últimos dez anos, 2,166 milhões de trabalhadores deixaram a atividade por falta de incentivos.
A falta de crédito, de assessoria técnica e de garantia de preço mínimo estão entre os problemas enfrentados por eles. A impossibilidade de permanecer na área, reduz a produção de alimentos e as trocas simbólicas de produtos entre as pessoas, gera, entre outros males, a fome. Além disso, o encolhimento dos investimentos em políticas públicas e a chegada da pandemia agravaram a situação.
É necessário que governos, empresas, Organizações da Sociedade Civil (OSCs) pensem em estratégias que possam contribuir com o setor. Nós, da Adel, temos trabalhado com programas voltados ao acesso a conhecimento - para que os agricultores compreendam seus negócios - planejamento, assessorias técnicas no meio rural, fortalecimento da cooperação, para estimular os arranjos produtivos locais e o acesso a crédito. Se cada um fizer a sua parte, poderemos contribuir para que os pequenos produtores rurais tenham mais qualidade de vida e, como consequência, o restabelecimento da agricultura familiar.
Adriano Batista é diretor executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel)