Dessalinização: Estado terá usina de R$ 15,5 mi

Implantação do sistema será em Jaguaribara e deve sanar a carência de água deixada pela seca no Castanhão

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(Atualizado às 11:11)
Legenda: Projeto que será construído no Ceará terá capacidade para gerar 30 mil metros cúbicos de água dessalinizada, além da criação de 75 toneladas de tilápia, 25 toneladas de camarão e 500 mil plantas
Foto: Foto: Ellen Freitas

Um novo sistema de dessalinização de água salgada chegará ao Ceará em breve como resultado de uma parceria entre a empresa cearense Piscis e a alemã Gloasis. Com o início da fase de estudos de viabilidade econômica e ambiental nas próximas semanas, a expectativa é que o equipamento esteja pronto para operar no segundo semestre de 2021 - o que irá requerer um investimento de 3,2 milhões de euros (aproximadamente R$ 15,5 milhões).

O sistema será implantado no município de Jaguaribara, onde fica sediada Piscis, que produz óleo a partir das vísceras da tilápia. Com a redução do aporte do açude Castanhão e consequente diminuição da produção do pescado, a Piscis passou a utilizar para a produção própria tanques elevados e água de poço, que costuma ser salobra. Assim, procurou parcerias tecnológicas para incrementar a produção, até encontrar a Gloasis.

Cronograma

De acordo com Mercedes Blázquez, líder do projeto da União Europeia "Low Carbon Business Action in Brazil", essa primeira fase terá início entre o fim deste mês e início de outubro, durando aproximadamente seis meses e consumindo 200 mil euros (cerca de R$ 970 mil). A Piscis e a Gloasis firmaram a parceria a partir de uma das rodadas de negócio promovidas pela Low Carbon no País.

Nos quatro meses da fase seguinte, o grupo vai buscar financiamento para o projeto em instituições financeiras públicas e privadas, além de fundos de investimento voltados ao setor energético, em fase prevista para durar quatro meses. Se tudo seguir de acordo com o cronograma e as empresas conseguirem um agente financiador, as obras já devem ter início no segundo semestre do ano e levarão 24 meses até a conclusão, em 2021.

Demonstração

Com a utilização de um modelo inovador de dessalinização, mais que atender a demanda dos mercados de agricultura, aquicultura e indústria do Ceará ou estados vizinhos, as empresas pretendem difundir a prática realizada para que outros investidores construam seus próprios sistemas. "A planta vai ter sua produção para atender aos mercados, mas o objetivo maior é multiplicar essa tecnologia", explica Mercedes. O projeto funcionará como uma demonstração.

O processo utilizado, chamado aquaponics, combina a produção de pescado com a de plantas hidropônicas (cultivadas em água). "Os microrganismos transformam o amoníaco tóxico de excreções de peixe e camarão em fertilizante. O nitrogênio é assimilado pelas plantas e, portanto, a água que resta é limpa e pode ser usada novamente nos tanques dos animais, em irrigação, pelas indústrias ou município", explica a líder do projeto Low Carbon.

No projeto que será construído no Ceará, o sistema terá capacidade de produzir, anualmente, 30 mil metros cúbicos (m³) de água dessalinizada, além de 75 toneladas (t) de tilápia, 25 t de camarão e 500 mil plantas (hidroponia) no mesmo período. "O Nordeste enfrenta constantemente a falta de água e tem 115 fazendas de peixe e camarão, um mercado de grande potencial para essa tecnologia".

Na busca por eficiência energética, o sistema utilizará a energia solar para resfriar os tanques. "Toda a energia necessária pode ser suprida pelas placas (fotovoltaicas). Devido às perfeitas condições de localização, o Nordeste está predestinado a satisfazer a demanda por energia e água doce, a partir da dessalinização", enfatiza.

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