Desemprego é o menor para junho desde 2009

24 mil pessoas entraram no mercado de trabalho em junho último. Os serviços ampliaram o nível de oferta

Escrito por Redação ,
Legenda: A construção civil fechou três mil vagas, contabilizando redução de 2,1%. Já a indústria de transformação continuou estável
Foto: FOTO: KIKO SILVA

A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) atingiu em junho a menor taxa de desemprego total da série histórica da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), iniciada em dezembro de 2009. O índice corresponde a 7,4% da População Economicamente Ativa (PEA) na Região e é 0,1 ponto percentual (p.P.) menor em relação à taxa de maio. Em números absolutos, o contingente de desempregados ficou em 136 mil pessoas, permanecendo no mesmo patamar do mês anterior, porém, reduzindo em 11,7% no comparativo com junho de 2013, quando foram contabilizados 154 mil desempregados.

Corroborando com um cenário mais positivo para o mercado de trabalho local, o nível ocupacional voltou a crescer em junho na RMF, registrando 1,4% de alta no mês e 2,8% de expansão face a junho do ano passado.

No sexto mês de 2014 o total de ocupados somou 1,706 milhão de pessoas contra 1,682 milhão em maio. Foram criados em junho 24 mil novos postos de trabalho na RMF - igual número de trabalhadores que ingressaram na PEA.

"Essas 24 mil pessoas que entraram no mercado de trabalho de Fortaleza e Região Metropolitana foram absorvidas pelos 24 mil postos gerados em junho. Por isso o número de desempregados não diminuiu, se mantendo estável em relação a maio", explica Ediran Teixeira, coordenador da PED no Dieese, que apresentou o estudo, ontem, à imprensa.

Também permaneceu estável em junho, na comparação com o mês de maio, o tempo médio de procura por trabalho despendido pelos desempregados, que foi estimado em 25 semanas. Enquanto isso, a taxa de participação total, que representa a proporção de pessoas a partir de 10 anos de idade incorporadas ao mercado de trabalho, aumentou de 56,3%, em maio, para 57% no último mês de junho.

Por setores

No mês junino a expansão do número de postos de trabalho foi puxada pelo setor de serviços, que abriu 39 mil vagas, crescendo 5% no mês. Na contramão, comércio e reparação de veículos automotores eliminaram 11 mil postos, com retração de 2,7%, e a construção civil fechou três mil vagas, contabilizando redução de 2,1%. Já a indústria de transformação continuou estável, com mil contratações e alta de 0,3%.

Para Ediran Teixeira o aumento de contratações no setor de serviços pode estar relacionado ao evento da Copa do Mundo 2014. "Não é possível afirmar, mas talvez o efeito Copa tenha impactado no número de contratações de junho. Foram 39 mil vagas só no mês. É quase o mesmo número de vagas geradas pelo setor nos últimos doze meses, que chega a 43 mil ocupações. Vamos avaliar nos próximos meses, com o fim dos temporários", analisa.

Influenciado pelo crescimento no setor público, o número de assalariados voltou a ampliar em junho, registrando alta de 1,9%, com o acréscimo de 20 mil pessoas. No setor privado o número de empregados com carteira assinada reduziu em -0,1%, com a queda de mil vagas, enquanto os ocupados sem carteira experimentaram 2,2% de expansão, com mais quatro mil postos. O contingente de autônomos permaneceu estável, com alta de 0,2% e mais mil pessoas.

No emprego doméstico segue a tendência de queda. Em junho o segmento experimentou -1,8% de retração, com o fechamento de dois mil postos, sendo que ao longo de doze meses foram reduzidas seis mil ocupações nessa área de atividade.

Entre os trabalhadores classificados nas demais posições - que inclui empregadores, pessoas que atuam em negócio familiar e profissionais liberais - houve incremento de cinco mil ocupados, alta de 6,9% entre maio e junho desse ano, porém, com -9,4% de queda no comparativo anual, registrando redução de oito mil pessoas.

Rendimento

O rendimento médio real dos trabalhadores na RMF também apresentou expansão. Em maio de 2014 a renda média dos ocupados cresceu 3,8% e a dos assalariados, em 2,7%, atingindo, respectivamente, os valores de R$ 1.205,00 e R$ 1.228,00.

Apesar da alta de 3,8% - a maior dentre as demais regiões metropolitanas contempladas na PED -, a RMF continua a ter o menor rendimento médio real. Já no quesito taxa de desemprego, Fortaleza mantém o segundo menor indicador (7,4%), perdendo apenas para Porto Alegre (5,7% em junho).

Disparidade ainda é grande na região

Embora tenha atingido resultados relativamente melhores frente ao mercado de trabalho metropolitano, que inclui mais cinco capitais (São Paulo, Salvador, Recife, Porto Alegre e Belo Horizonte), Fortaleza amarga os efeitos da redução no ritmo de crescimento do mercado de trabalho, associadas ao fenômeno da precarização, caracterizada por salários baixos e jornadas extensas, que acaba impactando mais fortemente nas fatias mais vulneráveis da população.

O detalhamento da edição de junho do estudo revela que, embora a taxa de desemprego total venha apresentado redução contínua desde fevereiro desse ano, a tendência de alta da taxa de desemprego permanece para mulheres, jovens, filhos e demais membros da família.

Entre maio e junho, a taxa de desemprego das mulheres passou de 8,1% para 8,2%, enquanto a dos homens caiu no mesmo período de 7,1% para 6,7%, acirrando a disparidade de gêneros no mercado de trabalho.

Vulnerabilidade

Dentre os extratos da população mais vulneráveis, o maior impacto do desemprego na RMF continua a recair sobre os jovens, com idade de 16 a 24 anos. Para eles taxa de desemprego chegou a 20,7% em junho, superando a taxa de 20,3% registrada em maio. Considerando a posição no universo familiar, os filhos experimentaram alta na taxa de desemprego de 15,9% para 16%, de maio para junho. Para os demais membros da família a taxa de desemprego variou de 10,9% para 11,0%.

Para o analista de mercado do trabalho do IDT, Mardônio Costa, o recorte do estudo é fundamental. "Se considerarmos somente os dados globais, com a queda da taxa de desemprego, a ampliação do nível de ocupação e o aumento da renda, teremos a ideia que tudo está muito bem no mercado de trabalho da RMF. Mas o detalhamento mostra que há segmentos mais vulneráveis mais impactados pela redução do ritmo de crescimento da economia", argumenta.

A pesquisa aponta que, mesmo no contexto do aumento dos rendimentos médios reais de ocupados e assalariados em maio de 2014, a renda das mulheres continua "desabando" em relação a dos homens. "Os números indicam que as oportunidades de crescimento na renda foram geradas mais para os trabalhadores do gênero masculino", reforça o especialista. Segundo a PED, entre maio de 2013 e maio de 2014, o rendimento médio real dos homens passou de R$ 1.289,00 para R$ 1.390,00, enquanto para as mulheres o valor médio permaneceu inalterado, se mantendo em R$ 974,00 e correspondendo a 70,1% do ganho masculino. (AC)

Ângela Cavalcante
Repórter

FF

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03 de Dezembro de 2024