Dando continuidade ao seu plano de desinvestimentos, a Petrobras iniciou, na última quarta-feira (4), o processo de venda de seus campos em água rasa localizados no Ceará. Segundo informou a companhia, a fase vinculante é referente à venda da totalidade de sua participação nos campos de Atum, Curimã, Espada e Xaréu, que compõem o Polo Ceará. Mesmo com a saída da estatal, a expectativa é que as operações nos campos marítimos, que ficam na região de Paracuru, não sejam alteradas, sem prejuízos quanto aos royalties recebidos pela produção.
No ano passado, foram arrecadados pelo Estado e municípios R$ 109,9 milhões em royalties, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
"Para o Ceará, não haverá impacto negativo. Os poços não serão desativados, a produção continuará a mesma. O que muda é que os poços passarão para novos donos. A cadeia produtiva continuará operando, mas nas mãos de outras empresas", esclarece Bruno Iughetti, consultor na área de petróleo e gás.
De acordo com a estatal, a operação está alinhada à estratégia de otimização do portfólio e à melhoria de alocação do capital da companhia, que passa a concentrar cada vez mais os seus recursos em ativos de classe mundial em águas profundas e ultraprofundas, "onde a Petrobras tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos", informou a empresa em comunicado.
Poços maduros
Iughetti lembra que a companhia vem buscando se desfazer de poços menos produtivos para focar na exploração do pré-sal. "Isso faz parte do plano de negócios da Petrobras no sentido de fazer caixa separando os campos que dão retorno dos que não dão retorno sobre o investimento. Então, esses campos já não fazem mais parte do nível de interesse da companhia, que prefere direcionar seus recursos para os campos do pré-sal", diz.
O Polo Ceará, em operação desde a década de 1980, fica a uma distância de 30 quilômetros da costa do Ceará, em lâmina d'água entre 30 e 50 metros. A produção média em 2019 foi de 4,2 mil bpd de óleo e 76,9 mil m³/d de gás.
"São poços maduros que necessitam de muito investimento para manter a produção. Pelo volume, esses poços não fazem mais sentido para a Petrobras, mas podem ser rentáveis para companhias de menor porte", diz Iughetti. Hoje, a Petrobras é a operadora desses campos, com 100% de participação sobre os direitos de exploração e produção dos contratos de concessão.
Os potenciais compradores habilitados para essa fase receberão carta-convite com instruções sobre o processo de desinvestimento. Quanto à venda dos campos terrestres operados pela Petrobras no Ceará, na Fazenda Belém, em Icapuí, que também fazem parte do plano de desinvestimento da companhia, Iughetti diz que a expectativa é que sejam vendidos a partir do primeiro trimestre do próximo ano.