Todos os setores produtivos empregaram mais no CE

Agro, comércio, construção, indústria e serviços tiveram saldos positivos de emprego em agosto. Criação de 12 mil postos de trabalho no Estado é o quinto melhor resultado do País

O crescimento pelo segundo mês seguido do mercado de trabalho no Ceará foi propagado por todos os segmentos da economia local. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em agosto, foram criados 12,22 mil novos postos de trabalho com carteira assinada no Estado, mais que o dobro do resultado do mês anterior (5,7 mil).

A indústria foi o setor com o mais expressivo saldo de vagas formais: 4,3 mil, resultado de 7,9 mil admissões e 3,5 mil desligamentos. Na avaliação do presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), Marcos Soares, a atividade foi positivamente impactada pelo consumo a partir do pagamento do auxílio emergencial.

“Os empresários estão recompondo os seus estoques e acreditando em uma melhora porque a renda que vem do auxílio emergencial está se transformando em consumo. Esse consumo gera demanda e as indústrias estão se preparando. Boa parte delas já se programou para comprar matérias-primas e embalagens já pensando no fim de ano e também estão se programando com mão de obra”, detalha. 

O gerente do Observatório da Indústria, Guilherme Muchale, atribui a melhora do mercado de trabalho do setor ao fim das restrições de funcionamento decorrentes da pandemia do novo coronavírus. 

“O principal causador dessa recuperação vem exatamente do avanço do plano de retomada. As atividades industriais tiveram sua plenitude atingida em agosto, dentro de um contexto de elevação natural do consumo de alguns setores, como o alimentício, em virtude das mudança de hábitos, e também do aquecimento da construção civil, com a redução da Selic, de forma que passou a haver uma disposição dos investimentos para a economia real, que antes ficavam no mercado financeiro”, diz.

Construção civil

Ele ainda destaca o impacto da construção civil no Estado sobre diversas cadeias produtivas, em especial da indústria.

“Em termos de setores industriais, é o mais relevante em emprego e em PIB (Produto Interno Bruto) no Estado. É muito relevante para a indústria e de modo geral. Já chegou a gerar 100 mil empregos no Estado no período anterior à crise iniciada em 2015. A recuperação da construção pode se refletir em impactos muito positivos na consolidação da recuperação econômica cearense”, ressalta.

Atualmente, o Caged aponta 72,5 mil cearenses empregados na construção civil. Em agosto, o setor registrou 5,4 mil contratações contra 2,6 mil demissões, resultando em um saldo de 2,74 mil postos.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias de Sousa, reforça que o atual patamar da Selic estimula novos lançamentos, assim como a procura por imóveis novos. 

“Tivemos a retomada das obras em andamento, inclusive de algumas voltadas para o Minha Casa, Minha Vida. Por passarem muito tempo em casa, as pessoas também perceberam que precisam de um upgrad de imóvel e estão buscando mais aproveitando esse cenário favorável”, ressalta.

Ele projeta que, ao todo, o Ceará tenha R$ 1,5 bilhão em Valor Geral de Vendas (VGV) de lançamentos este ano. “A procura e as contratações devem continuar em alta. A tendência é sempre de melhora desde que a macro economia esteja equilibrada”, assegura.

Comércio e serviços

O comércio, setor diretamente impactado pelo auxílio emergencial, teve saldo positivo de 1,6 mil vagas em agosto. O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, avalia que a retomada do emprego é um importante resultado e traz alento para quem empreende. Ele também reforça a importância dos esforços do setor privado e do poder público no enfrentamento da pandemia. 

“Essas iniciativas propiciam a celebração desses resultados positivos. A retomada do emprego é importante, porque tem um impacto muito imediato em toda a economia”, detalha. 

Ele pondera, entretanto, a preocupação do setor em torno do fim de benefícios como o auxílio emergencial e a preservação de empregos a partir do Benefício Emergencial (BEm), ligado à suspensão de contratos e redução de jornadas e salários. 

Para o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, a recuperação do consumo eleva a o otimismo e os investimentos, o que acaba se refletindo no mercado de trabalho.

“Esse aquecimento que vem da movimentação do comércio e serviços anima o empresário a contratar e é bom até para a máquina pública através dos impostos”, diz.

O secretário do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, comemorou o saldo geral positivo apresentado pelo Ceará pelo segundo mês consecutivo. Ele aponta que é o início da recuperação no âmbito trabalhista e projeta que, caso esse ritmo continue, o Estado encerrará o ano no azul. 

“Ainda temos cerca de 25 mil postos a serem recuperados. Nesses dois meses, julho e agosto, tivemos uma média de 9 mil admissões de saldo. Continuando assim, são 36 mil vagas. Recuperamos o estoque negativo e ainda ficamos com saldo positivo”, detalha o secretário.