Popular entre turistas da região Sudeste do Brasil e estrangeiros, a chamada Rota das Emoções passa por um momento de readequação. Como em outros roteiros turísticos espalhados pelo Ceará, empreendedores da região trabalham para retomar a confiança dos turistas, ao mesmo tempo em que atingem públicos diferentes. Além do Ceará, a Rota também passa pelos estados do Piauí e Maranhão.
Contemplando cerca de 500 km entre os três estados, dividida em 14 municípios, a Rota tem entre os principais atrativos a praia de Jericoacoara (CE), o Delta do Parnaíba (PI) e os Lençóis Maranhenses (MA). Por ser um roteiro tradicional, há opções tanto de empresas de turismo que realizam os trajetos, com paradas em pontos específicos, quanto turistas que alugam veículos para realizarem roteiros mais personalizados.
Dentro dos roteiros de passeios disponíveis na Rota, os visitantes podem experimentar passeios de buggy, de barco, trilhas de hiking e trekking. Outro destaque é a prática de kitesurf, com o Ceará sendo um dos grandes expoentes internacionais do esporte, pela qualidade dos ventos durante o segundo semestre do ano.
Demanda alta
Há 20 anos atuando no município de Chaval, distante 401 km da capital cearense e próximo de Jericoacoara, Hermes Mota, proprietário da Churrascaria O Motão, explica que, até antes do período da pandemia do novo coronavírus, os turistas representavam 70% do público frequentador. “Quando reabri, tomando todas as medidas possíveis de segurança, diminuindo a quantidade de mesas, de cadeiras, me espantei com o fluxo. Após a abertura, o pessoal do Piauí e do Maranhão entraram no Ceará com muita abundância. No primeiro mês parecia que todo mundo decidiu se divertir. Não é o turista do período, porque agora seria um turista do kitesurf, que é de outros países”, relata.
Apesar da boa localização do município, Hermes relata que ainda é preciso que os atrativos turísticos de Chaval sejam mais reconhecidos. Ele elenca como destaques os monólitos, grandes estruturas de rochas, em especial a Pedra da Carnaúba, com mais de 100 metros de altura. Na localidade, por exemplo, há opções de trilhas para os visitantes. “O pessoal usa mais meu estabelecimento como um ‘pitstop’ para se alimentar e descansar. Bato muito nessa tecla de que a gente poderia divulgar mais o turismo, antes mesmo de inaugurar a churrascaria”.
No caso de Marco Dalpozzo, sócio-fundador das pousadas Vila Kalango, em Jericoacoara, e Rancho do Peixe, na Praia do Preá, no município de Cruz, o turista estrangeiro representava 50% da taxa de ocupação. Com foco no turista local e regional, Marco explica que a região litorânea que abrange do Ceará ao Maranhão possui “o melhor vento do mundo”. “É um pedaço de mundo que os brasileiros precisam curtir mais e convidar mais os estrangeiros a conhecer”, defende.
Fortalecimento do roteiro
Com o objetivo de apoiar os empreendedores locais, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Ceará (Sebrae-CE) desenvolveu o Clube de Parceiros da Rota das Emoções. Por meio da ação, 50 empresas foram selecionadas nos cinco municípios cearenses que compõem a Rota no Estado: Jijoca de Jericoacoara, Barroquinha, Camocim, Chaval e Cruz.
“É uma metodologia para que as empresas possam formar parcerias, indicar clientes uns para os outros e terem benefícios, como fortalecer a governança das empresas na Rota das Emoções”, conta Suylane Teixeira, articuladora do escritório regional norte do Sebrae Ceará. Dessa forma, os clientes que forem em estabelecimentos, empresas de turismo, restaurantes ou hospedagens de membros do clube receberão descontos por utilizarem os serviços. A ação foi implementada no último dia 1º de outubro e segue até 30 de junho de 2021. As empresas parceiras do Clube podem ser identificadas por meio de um selo.
O Ceará está sendo o estado piloto para o projeto, com a possibilidade de ações semelhantes serem implantadas também no Piauí e Maranhão. No fim de julho, cerca de 1000 empreendedores foram capacitados online sobre noções de segurança para o momento de retomada das atividades. “Depois, fomos para dentro das empresas para consultorias individuais. Estamos no processo de trabalhar a governança delas com oficinas com os donos de hospedagens, restaurantes, além do poder público e donos de empresas de entretenimento”, comenta Suylane. Até novembro deste ano, a articuladora espera que esteja finalizado o Plano de Retomada da Rota das Emoções, com especificações de roteiros e atividades para os empreendedores.
Nos últimos quatro anos, 70 mil pessoas foram atendidas por agências de turismo parceiras do Sebrae-CE. O tempo médio de estadia na região da Rota varia de oito a 15 dias.
Para Marco Dalpozzo, além do apoio de instituições como o Sebrae, é preciso também que linhas de crédito sejam lançadas para auxiliar a recuperação das empresas do ramo turístico. “Essa é uma indústria que foi profundamente afetada. Os empreendedores precisam de ajuda de caixa e gestão operacional para salvar empregos.”
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