Um dos setores mais representativos da economia cearense, o segmento de serviços seguiu a tendência geral da atividade econômica e tem sofrido graves prejuízos em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Com impactos inevitáveis, entidades projetam início de alguma melhora somente após a reabertura completa da economia no Estado.
Taiene Righetto, diretor executivo da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) no Ceará, revela que a autorização de reabertura parcial dos estabelecimentos de alimentação fora do lar na próxima fase do plano econômico será apenas um teste. “Esses primeiros 14 dias não serão de vendas altas, sabemos disso. Até porque vamos voltar com pequena parte, apenas das 11h às 16h, que é um horário curto, e com 50% da capacidade. Ainda não vai ser o momento de recuperar o prejuízo”, afirma.
Ele estima que o segmento perdeu cerca de 80% do faturamento durante a pandemia, conseguindo manter o restante com delivery. “Com esse retorno inicial, esperamos conseguir manter 30% do faturamento de um dia normal. Quando pudermos abrir à noite, vai melhorar um pouco também, mas interessante mesmo só no fim do ano, em novembro ou dezembro”.
Balanço
O setor de serviços como um todo no Ceará apresentou queda de 26,3% em abril em relação a igual período do ano passado, sob influência principalmente dos serviços prestados às famílias – o que inclui alojamento e alimentação –, cuja perda chegou a 64,8%. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado registra retração do volume de serviços prestados desde fevereiro (-0,7%), antes mesmo da confirmação dos primeiros casos de Covid-19 em território cearense. No acumulado do ano, o recuo é de 7,1%.
O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, ressalta que cada estado tem uma peculiaridade e o Ceará, por ter no setor de serviços grande representatividade e importância, vem sofrendo com o isolamento social necessário para a redução da contaminação. “Tivemos um período de muita estagnação e vínhamos nos recuperando, de forma lenta, mas constante. Então veio a pandemia e gerou uma nova crise”, lamenta.
Filizola ainda pontua que regiões onde o digital está mais presente no dia a dia têm conseguido se sair um pouco melhor. “No caso das compras, quando vemos as pessoas comprando online, na maioria das vezes o produto vem de fora. Precisamos trazer a consciência por parte da população para valorizar o que é produzido no nosso Estado. O setor produtivo, incluindo comércio, serviços, indústria, agronegócio e os transportes, irá até lançar uma campanha incentivando a valorização dos itens locais”, revela.
Turismo
O índice que analisa as atividades turísticas no Ceará apresentou resultado ainda mais alarmante. Em abril, a queda foi de 73,7% em relação ao ano passado. Presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (Abih-CE), Régis Medeiros, acredita que, na atividade hoteleira, o prejuízo é maior. “A grande maioria dos hotéis da Abih, praticamente 93%, está fechada desde o fim de março. Os voos se reduziram ao mínimo, barracas de praia e restaurantes fecharam, eventos foram cancelados, o turismo parou”, relata.
Ele aponta que alguns hotéis irão começar a reabrir em julho, mas que há expectativa de alguma movimentação de clientes somente quando os atrativos turísticos puderem funcionar, entre eles, praia, restaurantes e parques aquáticos.