Prévia da inflação em Fortaleza tem maior avanço do País em outubro

No ano, a variação Grande Fortaleza foi de 3,81%, enquanto que no período de 12 meses, chegou a 4,78%

Pressionado pelo preços do arroz (23,02%), das carnes (4,79%) e da gasolina (2,78%), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), considerada a prévia da inflação, apresentou a maior variação na Grande Fortaleza (1,35%) em outubro - alta de 0,78 ponto percentual (p.p) em relação ao mês de setembro - entre as Regiões Metropolitanas de dez capitais, além do Distrito Federal. No ano, a variação Grande Fortaleza foi de 3,81%, enquanto que no período de 12 meses, chegou a 4,78%. Na outra ponta, a menor variação foi a da região metropolitana de Salvador (0,43%).

Estamos assistindo ao processo de deterioração da renda real e do poder de compra do Fortalezense. Infelizmente, Fortaleza, entre as capitais pesquisadas pelos diversos índices de inflação, fica quando não a primeira a segunda ou terceira maior inflação do pais. Um estado que tem uma renda per capita pequena é a inflação corroendo o poder de compra dos mais pobres', alerta o economista Ricardo Eleutério Rocha.

"A inflação é o pior tributo, pois ela corrói a renda real e tira o poder de compra sobretudo dos assalariadas que têm renda fixa e, além daqueles que têm renda menor, porque os produtos dos grupos de alimentos, bebidas e transportes, pesam mais no orçamento de quem tem renda menor", ressalta.

Para o economista diversos fatores podem ter contribuído para que a inflação de Fortaleza tenha superado a do país. "Como causadores dessa pressão, podemos elencar problemas com a cadeia produtiva, o auxílio emergencial que aumentou a demanda por produtos alimentícios, além da sazonalidade dos produtos agrícolas por conta da interrupções na cadeia produtiva", aponta.

Segmentos
Na Região Metropolitana de Fortaleza, os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em outubro. Os preços dos Alimentos e Bebidas pressionaram o indicador com a maior alta (2,86%), seguido pelo Artigos de Residência (2,23%), Transportes (1,42%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,34%), Habitação (0,61%), Comunicação (0,37%), Vestuário (0,35%), Despesas Pessoais (0,18%) e Educação (0,01%).

Indicador Nacional
No país, o IPCA-15 acelerou a 0,94% em outubro, a maior taxa para o mês desde 1995 e a maior alta mensal desde dezembro do ano passado. O indicador – que é considerado uma prévia da inflação oficial do país – mostrou forte aceleração em relação ao índice de setembro, quando ficou em 0,45%. Os indicadores foram divulgados nesta sexta-feira (23), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 2,31% e, nos últimos 12 meses, a variação acumulada foi de 3,52%, acima dos 2,65% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2019, a taxa foi de 0,09%. O resultado do IPCA-15 de outubro veio acima do esperado pelo mercado, que estimava alta de 0,81% para o período.

Grupos
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em setembro. Os preços dos alimentos e bebidas pressionaram o indicador com a maior alta (2,24%) entre os grupos pesquisados e o maior impacto (0,45 ponto percentual) no índice. A maior contribuição (0,13 p.p.) veio das carnes (4,83%), que tiveram a quinta alta consecutiva. No ano, a alta chega a 11,4%.

O índice também foi puxado pelo aumentos dos preços do óleo de soja (22,34%), do arroz (18,48%), do tomate (14,25%) e do leite longa vida (4,26%). Os alimentos para consumo fora do domicílio registraram alta (0,54%), com destaque para a refeição, que acelerou de 0,09% em setembro para 0,93% em outubro.

Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-9,95%) e da batata-inglesa (-4,39%), de acordo com o IBGE.

Já a segunda maior variação veio dos Artigos de Residência (1,41%), cujos preços subiram pelo sexto mês consecutivo. O único grupo a apresentar queda em outubro foi Educação (-0,02%). Os demais ficaram entre as altas de 0,14% em Despesas Pessoais e de 0,84% em Vestuário.

 maior variação (2,24%) e o maior impacto (0,45 p.p.) vieram do grupo Alimentação e bebidas, que acelerou em relação ao resultado de setembro (1,48%).

A aceleração do grupo Alimentação e bebidas (2,24%) deve-se especialmente à alta dos alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 1,96% em setembro para 2,95% em outubro.

A maior contribuição (0,13 p.p.) veio das carnes (4,83%), cujos preços subiram pelo quinto mês consecutivo. Destacam-se também as altas do óleo de soja (22,34%), do arroz (18,48%), do tomate (14,25%) e do leite longa vida (4,26%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-9,95%) e da batata-inglesa (-4,39%).

Os alimentos para consumo fora do domicílio também registraram alta (0,54%), com destaque para a refeição, que acelerou de 0,09% em setembro para 0,93% em outubro.

Transportes teve alta de (1,34%) a segunda maior contribuição no índice do mês (0,27 p.p.). No grupo dos Transportes, a alta foi impulsionada pelo aumento das passagens aéreas, que subiram 39,90% e contribuíram com 0,13 p.p. no IPCA-15 do mês. O segundo maior impacto (0,04 p.p.) veio da gasolina (0,85%), sua quarta alta consecutiva, embora menos intensa que no mês anterior (3,19%).

Ainda no grupo dos Transportes, os preços do seguro voluntário de veículo subiram 2,46%, após sete meses consecutivos de quedas. Nesse grupo, os únicos subitens com variações negativas foram ônibus interestadual (-2,73%) e gás veicular (-1,36%).

Artigos de residência subiram 1,41%, acelerando em relação a setembro (0,79%). Todos os itens do grupo tiveram alta, com destaque para mobiliário (1,75%), que havia recuado (-0,14%) no mês anterior, e tv, som e informática (1,68%).

O grupo Vestuário teve alta de 0,84%, após recuar (-0,27%) em setembro. Enquanto as roupas masculinas e infantis subiram 1,31% e 1,07%, respectivamente, os preços das roupas femininas caíram 0,10%. As joias e bijuterias (1,73%), por sua vez, seguem em alta e acumulam, no ano, variação de 10,68%.

No grupo Habitação (0,40%), o maior impacto (0,02 p.p.) veio do gás de botijão, com alta de 2,07%. Já o gás encanado recuou 0,17%, com a redução de 8,88% nas tarifas em Curitiba (-1,64%), vigente desde 19 de agosto. Quanto à taxa de água e esgoto (0,16%), foram registrados dois reajustes: de 5,88% em uma das concessionárias de Porto Alegre (1,19%), a partir de 1º de outubro; e de 3,40% em São Paulo (0,11%), válido desde 15 de agosto. Por fim, a energia elétrica subiu 0,11%, com resultados que foram desde a queda de 0,80% em Salvador até a alta de 0,68% em Porto Alegre.

Regra
Pela regra vigente, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta inflacionária seja descumprida. Em não sendo cumprida, o Banco Central tem de escrever uma carta pública explicando as razões. A meta de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para alcançá-la, o Banco Central eleva ou reduz a taxa básica de juros da economia (Selic), atualmente em 2% – mínima histórica. O mercado segue prevendo manutenção da taxa básica de juros neste patamar até o fim deste ano.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados de 12 de setembro a 13 de outubro e comparados com aqueles vigentes entre 14 de agosto e 11 de setembro. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, diferindo apenas no período da coleta e na abrangência geográfica.