Se o prejuízo com a pandemia já havia sido enorme durante 2020 e 2021, o setor de eventos começou a suspirar mais aliviado com a retomada neste segundo semestre. No entanto, a alta de preços impõe diversas dificuldades para profissionais que já haviam fechado orçamentos ainda em 2019.
É o caso do preço das rosas. De acordo com decoradores da Capital, antes da pandemia, era possível encontrar pacote com 20 unidades da flor por cerca de R$ 25. Agora, o produto chega a ser encontrado por até R$ 75.
Este aumento de 200% tem dificultado o trabalho dos ornamentadores, já que a realização dos eventos represados desde 2020 é prioritária, ou seja, foram orçados com valores diferentes dos praticados atualmente.
“Voltamos a trabalhar com todas as dificuldades, pois não cobramos reajustes para as noivas e aí está tendo esses reajustes abusivos. Semana passada eu comprei de R$ 65 e esta semana está de R$ 75. Estou vendo a hora um pacote de rosas chegar a R$ 100”, argumenta o decorador Nascimento Junior.
Impactos nos orçamentos
Assim como Nascimento, a cerimonialista Alda Iodes também se queixa do preço das flores. Segundo ela, muitos cultivadores e plantadores de rosas acabaram fechando o negócio pelo longo período sem eventos. Sem ter para quem vender, acabaram fechando.
“Além disso, a demanda aumentou muito. Às vezes chega produto, mas não dá conta da quantidade de festas que estamos realizando. Então, a tendência é de que essa situação piore ainda”, explica Iodes.
Segundo a cerimonialista, os preços das rosas nas distribuidoras são atualizados semanalmente e variam também conforme a época do ano.
“Quando está próximo de datas comemorativas e do final do ano o preço tende a aumentar, pois há uma maior procura. Por isso, se vou fazer um orçamento de um casamento para janeiro, por exemplo, faço com uma margem grande”.
Por que as flores estão caras?
O secretário executivo do agronegócio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado (Sedet), Silvio Carlos Ribeiro, explica que esta alta tem sido motivada, principalmente, pelo custo dos insumos importados para a produção, como fertilizantes e embalagens. Além disso, a geada acabou afetando também o cultivo.
“O setor das flores, em geral, sofreu bastante durante a pandemia, pois não estavam vendendo, perdemos produtores. Agora, com a retomada, acabou surgindo uma nova demanda do consumo de flores e plantas ornamentais, e veio uma necessidade de produção. Só que aí já não tínhamos mais tantos produtores para atender à demanda”.
Com a retomada da produção, a perspectiva é de que a situação melhore nos próximos meses. Contudo, segundo o secretário, os preços praticados antes da pandemia não devem voltar, já que os insumos com custo afetado pelo dólar devem limitar uma redução.
“A gente espera é que encontre mais produtores. Acho que vai estimular um retorno de produtores, ou mesmo expansão. Com o tempo vamos ver uma melhoria no preço, mas não vai voltar ao passado”, acrescenta.
Eventos com menor porte
A presidente do Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos-CE), Circe Jane Teles, destaca ainda as outras escaladas de preços, como de alimentos e combustível.
“Está sendo desafiador contar com o orçamento que tinha, acaba prejudicando clientes e fornecedores. A inflação está muito alta. Toda a cadeia produtiva está sendo afetada”.
Apesar disso, a presidente do Sindieventos pontua que os eventos já agendados devem acontecer, porém vão passar por uma redução de custos. “É importante que a retomada seja feita, mas o tamanho do evento e a quantidade de convidados, elementos decorativos, tudo vai sofrer um impacto”.