O Mercado Livre e Shopee elegeram a Bahia e Pernambuco para instalar centros de distribuição (CDs) no Nordeste. Ou seja, aproximaram-se do Ceará, mas ainda não trilharam rodovias cearenses. O que está por trás dessa escolha das gigantes do e-commerce? Para fonte especializada, o público consumidor, logística e disponibilidade de área são determinantes.
Segundo a Shopee, os critérios para a decisão foram baseados no volume de pedidos de cada região e localização. Já o Mercado Livre informou que a razão “está relacionada ao aprimoramento da infraestrutura logística no Brasil”.
Até agosto deste ano, Recife receberá novo CD do Mercado Livre. As demais unidades das duas empresas, no Nordeste, já estão em funcionamento.
Justificativas à parte, é importante compreender qual o cenário atual do setor de condomínios para centros de distribuição no Estado. Segundo o CEO da SiiLA, plataforma de dados e análises do setor imobiliário, Giancarlo Nicastro, a baixa taxa de vacância é um fator importante.
“No mercado do Ceará, há uma disponibilidade de 0,66% (área desocupada). Na nossa visão, qualquer empresa, para tomar a decisão, precisa esperar algum imóvel ficar pronto para se instalar”, avalia.
Por outro lado, acrescenta, na Bahia e em Pernambuco, o percentual de imóveis disponíveis é de 17% e 3,33%, respectivamente. Giancarlo destaca que existe um pacote de critérios para a tomada de decisão.
Além da disponibilidade de empreendimentos, o tamanho do mercado local, o percentual da população bancarizada, perfil de consumo e os aspectos logísticos para o escoamento das mercadorias são levados em conta.
Shoppe e Mercado Livre ainda vão investir no Ceará?
Questionadas sobre negociações para a implantação de centros de distribuição no Ceará, o Mercado Livre e a Shopee informaram que não podem abrir projetos futuros por questões estratégicas.
Sobre a análise do mercado regional, a Shopee disse que o Ceará tem um importante papel para a malha da empresa, ocupando o 2º lugar no ranking de estados do Nordeste com mais vendedores locais.
“Afirmamos que estudos são realizados constantemente para ampliar cada vez mais nossa operação logística no país”, disse.
O Mercado Livre disse “que está sempre avaliando possibilidades de abertura de centros de distribuições nas regiões brasileiras, levando em conta a eficiência da operação e a sinergia entre o negócio e o local onde esses CDs podem ser instalados”.
Entre os critérios para decidir novos investimentos, citou, estão as questões tributárias, localização, entre outros parâmetros.
Em nota, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) disse que o Governo do Estado intensificou os esforços para atrair novas empresas e investimentos, especialmente nos segmentos de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e logística.
Como resultado à infraestrutura oferecida, como o hub de fibra óptica, houve a chegada de centros de distribuição da Amazon, Home Center e Grupo Troca.
“São muitos os atrativos existentes para esses segmentos, entre os quais citamos os Hubs portuário e aéreo, investimentos na infraestrutura em nível de comunicação de dados (estado coberto por fibra óptica, e Fortaleza, com mais de 16 cabos oceânicos de dados) e benefícios fiscais que propiciam a atração de investimentos nesses segmentos”, disse.
“Entendemos que as escolhas de expansão em relação à instalação de CDs são muito particulares, pois necessitam apoiar as estratégias comerciais das empresas. Citamos como exemplos a própria Amazon, que, no momento da inauguração de seu CD em nosso estado, já anunciava a instalação de um novo CD em Pernambuco (região de Cabo de Santo Agostinho); e a Magalu, que implantou CD´s no Ceará, na Paraíba e em vários outros estados”, avaliou a pasta.
A SDE acrescentou ter “estabelecido diálogos construtivos com grandes grupos logísticos, tanto nacionais quanto internacionais”, para atrair novos investidores do setor.
Setor de condomínio logístico no Ceará deve atrair novos investidores
Na análise de Giancarlo, a baixa disponibilidade é um atrativo para investidores apostarem em estruturas para atender à demanda.
“Em 2020, o metro quadrado de Fortaleza tinha o preço médio de R$ 15. Atualmente, está em R$ 18, enquanto no Brasil é de R$ 24. Estamos acreditando e confiando na expansão do mercado local, escalando o preço por conta de pouca disponibilidade”, avalia.
Ele acrescenta que já estão previstos três galpões, nos próximos 12 a 24 meses, para o Ceará. Até julho deste ano, terá o BWDiase Business Park Fortaleza, com 190 mil m², e a expansão do LOG Fortaleza III, com 63.322 m².
Para 2025, aponta, está prevista a entrega do Aurum 100, com mais 14.403 m². Somadas as áreas, estão previstos 267.725 m² de área logística para Fortaleza.