Polêmica sobre Anacés e o território do Pecém

Autoridades do Governo do Ceará, principalmente as da área do desenvolvimento econômico, preocupam-se com as ações de ONGs ambientalistas que, com o apoio do Ministério Público Federal, podem inviabilizar a implantação de empreendimentos no Complexo Portuário e Industrial do Pecém. A inviabilização acontecerá se for provada a existência da Nação Indígena Anacé, uma tribo que habitou as terras do município de São Gonçalo do Amarante, onde hoje estão o Porto do Pecém e vários empreendimentos em implantação e onde se construirão a refinaria de petróleo, a siderúrgica, fábrica de cimento e ZPE. Os Anacés querem retomar suas terras. Hoje, às 15 horas, convocada pelo procurador federal Francisco Macedo, a dona de casa Maria de Jesus Rodrigues Penha deverá prestar depoimento. Incluída numa relação de descendentes dos Anacés, Maria de Jesus nega ser índia. E tenta convencer seus vizinhos da Comunidade Chaves Anacé, onde vive, a seguir seu exemplo. Uma denúncia anônima acolhida pelo MPF diz que Maria de Jesus faz ´um movimento contra o trabalho da Comissão da Terra, não reconhecendo a identidade do povo Anacé´. E solicita ´urgência nas providências cabíveis para combater as atividades´ de Maria de Jesus ´a fim de garantir os direitos constitucionais dos índios anacés, principalmente seu direito à terra, sua moradia´.

Se ficar provado que a Nação Anacé existiu e que são seus descendentes os que vivem em boa parte do município de São Gonçalo do Amarante, eles ganharão o título de propriedade de todas as terras está o Complexo Portuário. Entretanto, assim como D. Maria de Jesus Rodrigues Penha, outros habitantes de São Gonçalo contestam a tese da descendência dos Anacés. O Governo do Estado segue seu plano estratégico e já anunciou que até o fim deste ano estará desapropriada a área de dois mil hectares onde será construída a refinaria de petróleo da Petrobras.