Pix: critérios rígidos devem garantir segurança digital, diz executivo do BC

Relatos de tentativas de golpes na internet foram mencionados durante a primeira semana de cadastro no novo meio de pagamentos instantâneos. Representante do BC afirma que usuários do sistema terão segurança digital

Após notícias de possíveis tentativas de golpes usando o Pix, novo meio de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central, o chefe do Departamento de Competição de Estrutura do Mercado Financeiro da instituição, Ângelo Duarte, assegurou, em entrevista ao Sistema Verdes Mares, que "os sistemas do Pix, assim como os do Banco Central, são construídos com critérios extremamente rígidos de segurança digital".

De acordo com Ângelo Duarte, os golpes não se dão em sistemas gerenciados pelo Banco Central, e sim na internet, em sites que funcionam até mesmo em outros países, e o BC orienta para que se tenha cuidado ao receber e-mails ou mensagens de texto no celular solicitando algum tipo de dado ou pedindo para clicar em links, a menos que seja de uma fonte confiável, como as instituições financeiras nas quais a pessoa é cliente.

"Os criminosos, infelizmente, usam o nome do Pix, para atrair os cidadãos mal informados. É importante também saber que o cadastro e os pagamentos feitos no Pix ocorrem no próprio aplicativo da instituição financeira na qual a pessoa é cliente. Não há uma plataforma digital específica do Pix", afirma.

Taxas

Para Ângelo Duarte, o fato de não haver cobrança para pessoas físicas no Pix não significa que as instituições financeiras terão prejuízos na operação do sistema, uma vez que, segundo o chefe do Departamento de Competição e Estrutura, o meio de pagamentos instantâneos é inovador ao ponto de oferecer produtos diferenciados para pessoas físicas e jurídicas, o que dará lucro adequado às instituições financeiras.

"Vale ressaltar que o Pix não se destina somente a transações. Ele é um instrumento mais amplo e dará para efetuar o pagamento de contas de serviços públicos, por exemplo", diz Duarte. "Nas transações que envolvem pessoas jurídicas, o Pix oferecerá uma multiplicidade de soluções sobre as quais as instituições financeiras serão remuneradas. Se, por um lado, algumas coisas serão isentas, por outro, outras serão cobradas. No todo, as empresas estarão diante de um bolo maior de receitas potenciais", completa.

Pessoa física X jurídica

Embora as pessoas físicas estejam isentas ao pagamento de tarifas no Pix, conforme o representante do Banco Central, se ela utilizar a conta de pessoa física para receber pagamentos em grande quantidade, a instituição financeira poderá entender que há um uso comercial dela, e poderá ser cobrado um valor ao titular da conta. "Você pode, sim, receber uma transferência bancária de alto valor, mas quando há muitas de baixo, médio ou alto valor, pode-se entender que está fazendo uso comercial", destaca.

Quanto às pessoas jurídicas, explica Ângelo Duarte, o Banco Central não estabeleceu nem estabelecerá tabela de valores de tarifas para elas, e os preços cobrados serão entre as empresas e as instituições financeiras. "Se a pessoa achar a tarifa de uma alta demais, pode procurar outra (instituição financeira), já que o leque de opções é muito grande".

Fim do Doc e do Ted?

Segundo o chefe do Departamento de Competição e Estrutura do BC, com a chegada do Pix, em 16 de novembro, os serviços Doc e Ted permanecerão funcionando, uma vez que há clientes que já estão habituados com os dois. No entanto, ele acredita que, com o passar do tempo, as pessoas devem migrar organicamente para o Pix, tornando o Ted obsoleto, assim como foi com o Doc quando o Ted foi criado.