O preço do petróleo disparou nos mercados globais neste domingo (15) em reação aos ataques de drones a petrolíferas na Arábia Saudita no sábado (14), que podem levar a uma redução de metade da produção diária de petróleo saudita.
O barril do petróleo Brent chegou a um pico de US$ 70,98 no mercado futuro, um aumento de 18% em relação ao fechamento de sexta-feira (13), mas depois recuou, registrando alta de 12%.
Os ataques provocaram incêndios em Abqaiq, maior instalação de processamento de petróleo no mundo, e em Khurais. Houve uma redução estimada de 5,7 milhões de barris por dia na produção, o equivalente a 6% do abastecimento mundial.
O presidente da estatal saudita Aramco, Amin Naser, declarou que estão sendo realizadas "obras" para restabelecer a produção de petróleo bruto do país. O ministro da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, afirmou que a redução será compensada com as reservas.
Uma disparada no preço do petróleo pode afetar a economia mundial, já abalada pela guerra comercial entre EUA e China e as sanções da Casa Branca contra o Irã.
Em uma rede social, o presidente Donald Trump afirmou que autorizou o uso de petróleo da Reserva Estratégica dos EUA, em quantidade a ser determinada.
Mais tarde, ele escreveu: "Acreditamos saber quem é o culpado [pelos ataques]", acrescentando que os EUA "estão prontos para reagir, dependendo da confirmação."
O presidente evitou mencionar o Irã, mas na véspera o secretário de Estado, Mike Pompeo, acusou diretamente o país persa.
Segundo Pompeo, não há nenhuma prova de que "o ataque sem precedentes contra o fornecimento mundial de energia" tenha partido do Iêmen -apoiados pelo Irã e há cinco anos em confronto com uma coalizão militar saudita, rebeldes houthis iemenitas reivindicaram a ação.
Teerã rejeitou as acusações dos EUA de que estaria por trás dos ataques.
"Em vez de culparem a si mesmos -e admitirem que sua presença na região está criando problemas-, os americanos culpam os países da região ou o povo do Iêmen", criticou o presidente iraniano, Hassan Rowhani.
O chanceler iraniano, Javad Zarif, respondeu a seu homólogo americano: "Já que a campanha de pressão máxima fracassou, Pompeo está recorrendo à mentira máxima."
O porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores, Abbas Musavi, afirmou que as acusações têm como objetivo "prejudicar a reputação de um país para criar um marco para futuras ações contra o Irã".
Em entrevista neste domingo, uma autoridade americana mostrou imagens de satélites com 19 pontos de impacto dos drones e disse que a amplitude e a precisão do ataque demonstram que ele não teria sido lançado do Iêmen.
Mesmo assim, Washington não descarta a possibilidade de um encontro entre o presidente Donald Trump e o líder iraniano, Hassan Rowhani.
Kellyanne Conway, conselheira da Casa Branca, afirmou que os ataques "não ajudavam" a perspectiva de uma reunião entre os dois chefes de Estado durante a Assembleia Geral da ONU, neste mês, mas deixou a possibilidade em aberto. "Vou deixar o presidente [Trump] anunciar um encontro ou não", disse.
Os sauditas culpam os xiitas iranianos por ataques anteriores e acusam o Irã de armar os rebeldes iemenitas. Teerã nega a participação.
O conflito no vizinho Iêmen, que se arrasta desde 2015, já levou a mais de 7.000 mortes, muitas causadas por ataques aéreos sauditas.