Pesquisa cataloga 179 espécies de peixes recifais na costa do Ceará

Das espécies catalogadas, 16 são endêmicas do nosso País, ou seja, só ocorrem na costa brasileira

Um trabalho de pesquisa desenvolvido pelo engenheiro de pesca Eduardo Freitas e pelo biólogo e professor Tito Lotufo, do Laboratório de Pesquisa do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC)) registrou a ocorrência de 179 espécies de peixes recifais na costa do Ceará. A descoberta foi publicada recentemente no Journal of the Marine Biological, uma das mais importantes e respeitadas revistas britânicas especializada em biologia marinha.

"Os verdes mares da costa cearense escondem riquezas pouco conhecidas que aos poucos vão sendo reveladas. Sentados em nossos sofás, assistindo aos canais especializados em natureza. Frequentemente contemplamos lindas imagens de peixes e mergulhadores e nem imaginamos que algo semelhante ocorre a poucos quilômetros da costa de Fortaleza", conta o pesquisador Eduardo Freitas.

"Estão nos ambientes recifais uma das maiores diversidade biológica dos oceanos, contudo, em todo o mundo, esses ecossistemas estão sendo ameaçados por impactos locais como a poluição, pesca predatória, turismos desordenado como também por alterações climáticas globais. Além de sua importância ecológica, os recifes são relevantes fontes de pescado, laser e mais recentemente estão sendo extraídas substâncias de organismos recifais que apresentam grande potencial para o tratamento de muitas doenças, como o câncer Algumas dessas pesquisas estão sendo realizadas na própria Universidade Federal do Ceará", aponta Tito Lotufo.

Desconhecidos

Os dois pesquisadores revelam que vários recifes ao redor do mundo correm o risco de desaparecer sem se quer serem conhecidos e estudados. Apesar de serem tradicionalmente utilizados como locais de trabalho por pescadores artesanais e mais recentemente como atração para o turismo subaquático por escolas de mergulho, os ambientes recifais profundos do Ceará, são praticamente desconhecidos para a ciência.

O estudo publicado na revista britânica registrou a ocorrência de 179 diferentes espécies de peixe recifais em nossa costa, como por exemplo o Paru-preto (Pomacanthus paru). Dentre as espécies catalogadas, 16 são endêmicas do Brasil, ou seja, só ocorrem recifes da costa brasileira, outras como a Cióba (Lutjanus analis), Mero (Epinephelus itajara), Grama (Gramma brasiliensis) Néon (Elacatinus fígaro) estão incluídas em listas vermelhas nacionais e/ou internacionais de animais ameaçados.

Durante a pesquisa foram estudados 16 recifes ao longo da costa cearense. Ao todo foram realizados 151 mergulhos em cinco anos de coleta de dados. Os recifes estudados estão situados em profundidades entre 16 e 36 metros e por este motivo foram utilizadas técnicas de mergulho autônomo (com cilindros de ar comprimido) para ter acesso aos peixes em seu ambiente natural. A preocupação dos pesquisadores com esse detalhe, resultou em um impacto mínimo durante os trabalhos de campo.

Compreensão

Os resultados da pesquisa têm aplicação direta em importantes questões, tais como a conservação dos recursos naturais, administração da pesca, gestão de unidades de conservação e bioinvasão, além disso, são fundamentais para uma melhor compreensão dos ecossistemas recifais da região nordeste do Brasil.

A equipe do Laboratório de Ecologia Animal do Labomar faz parte da Rede Sisbota-Mar, que reúne pesquisadores de diversas instituições no País, com o objetivo de estudar e compreender diversos aspectos da biodiversidade marinha brasileira.