A esperança e a necessidade mantêm pelo menos 132 mil pessoas no Ceará em busca de um emprego, mesmo que essa procura já tenha ultrapassado dois anos. De acordo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Estado apresentou, no segundo trimestre, o maior número de pessoas nessa situação desde que a pesquisa foi iniciada, em 2012.
O contingente representa um avanço de 36% em relação ao observado no segundo trimestre de 2018, quando 97 mil pessoas no Estado buscavam se inserir no mercado de trabalho há pelo menos dois anos.
Também houve crescimento na comparação entre o primeiro e o segundo trimestres deste ano: são 32 mil pessoas a mais, um avanço de 32%.
Apesar do crescimento do número de pessoas nessa situação, a taxa de desempregados apresentou redução ao passar de 11,7% no primeiro trimestre para 10,9% no segundo trimestre deste ano.
Mardônio Costa, analista de mercado de trabalho do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), avalia que há uma expectativa positiva para a economia no segundo semestre com a aprovação da reforma da Previdência e da reforma tributária, mas considera o cenário ainda "anêmico".
"Temos uma fragilidade significativa do mercado de trabalho no Ceará e no Brasil, porque a economia está muito penalizada em termos de geração de emprego, então são gerados empregos em tempo parcial e intermitente e muitos sem carteira assinada", explica Costa.
Qualidade do emprego
De acordo com o IBGE, 40,7% dos empregados no Ceará não possuem carteira assinada. "Isso nos leva a uma preocupação sobre a qualidade do emprego gerado. Nós temos um mercado de trabalho que, em função da economia, é muito determinado pelas relações informais de trabalho".
O analista destaca que as mulheres e os jovens estão entre os mais penalizados pelo desemprego no Brasil e que o Ceará segue essa tendência. Enquanto a desocupação entre os homens caiu de 10,1% para 9,2% entre o primeiro e segundo trimestres deste ano, entre as mulheres a taxa se manteve em 13%.
"Os jovens e as mulheres são dois segmentos da força de trabalho com taxas bem elevadas e, diante desses números, os órgãos públicos precisam pensar políticas para esses grupos, que são muito penalizados por essa conjuntura. A situação fica mais aguda quando se tem uma realidade mais grave de desemprego no País", avalia Costa.
Desalentados
Também caiu o percentual de desalentados dentro da força de trabalho, que é a população que não está trabalhando ou procurando emprego. A taxa caiu de 8,9% no primeiro trimestre de 2019 para 8% no segundo trimestre. Mardônio Costa explica que essas pessoas perderam as esperanças de conseguir uma colocação.
"Eu qualifico como uma situação muito mais grave. No Ceará, o número de desalentados se aproxima cada vez mais do número de desempregados. Isso é um alerta de que o indicador de desemprego não é o suficiente para analisarmos a situação do mercado de trabalho", pondera ainda o analista de mercado de trabalho do IDT.