O vice-presidente Hamilton Mourão avaliou nesta segunda-feira (7) que o Brasil pagará mais caro caso a empresa chinesa Huawei não forneça equipamentos na transição para a tecnologia 5G.
Em palestra na Associação Comercial de São Paulo, o general da reserva ressaltou que hoje 40% da infraestrutura do País em 3G e 4G é de tecnologia da empresa chinesa.
"Se, por um acaso, dissessem: 'A Huawei não pode fornecer equipamento', vai custar muito mais caro. Porque vai ter que desmantelar tudo que tem aqui, porque ela não fala com os equipamentos das outras. E quem é que vai pagar esta conta? Somos nós, consumidores. Eu vejo dessa forma", disse.
Mourão ressaltou ainda que tem ganhado força no governo federal a tese de que qualquer multinacional poderá participar do leilão do 5G desde que respeite três princípios: soberania nacional, privacidade dos dados e economicidade na instalação.
Na semana passada, a área técnica da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) finalizou a proposta com regras do edital do leilão do 5G sem qualquer restrição à Huawei.
Os Estados Unidos têm pressionado pelo banimento da empresa chinesa do processo, movimento que tem o apoio do núcleo ideológico do Palácio do Planalto.
As teles já se manifestaram a favor da participação da Huawei. As empresas alertaram para uma possível indenização por esse processo de troca de equipamentos caso o governo federal insista no banimento da chinesa.
O general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e o chanceler Ernesto Araújo são os principais defensores do banimento da Huawei por causa do alinhamento com o governo de Donald Trump. Os Estados Unidos vivem uma guerra comercial com a China.
Na palestra, Mourão avaliou ainda que ascensão de um novo governo nos Estados Unidos no próximo ano não deve encerrar a competição econômica com a China.
"Mesmo com um novo governo nos Estados Unidos, com a eleição de Joe Biden, não vai mudar essa disputa. Ela continuará. Pode ser que não seja como uma retórica tao forte como de Donald Trump, mas a disputa continuará", disse.
O general da reserva salientou ainda que não vislumbra a possibilidade de a China reproduzir um dia o modelo político das democracias ocidentais, já que sua formação histórica é diferente.
"Eu não vejo em nenhuma hipótese a China vivendo como uma democracia ocidental. Não é da natureza daquele povo esse tipo de governo. É uma nação enorme, com problemas em seu território e em suas fronteiras", disse.