A inflação de Fortaleza apresentou uma leve redução de 0,23% em agosto. Mesmo com o recuo, a Capital continua registrando alta nos preços dos itens de alimentação, que apresentou uma inflação de 6,10% no acumulado do ano, ficando acima da média nacional de 4,91%. Os dados são referentes a pesquisa Índice Nacional do Consumidor Amplo (IPCA), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (9).
De acordo com Ricardo Eleutério, conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon), o aumento dos preços gera efeitos ruins para a população cearense que sofre perda em seu poder de compra.
"O problema dos alimentos é que o efeito é muito ruim sobre a população, pois impacta sobretudo as pessoas que têm renda menor. Os alimentos que tem subido muito, tem um impacto maior para quem tem renda menor, gera um desequilíbrio, nisso as pessoas gastam quase tudo o que recebem com alimentação. Isso tira o poder de compra de quem tem renda menor e o cearense tem uma renda média pequena em comparação ao Brasil", comenta.
Veja alguns alimentos que subiram de preço em agosto:
- Óleo de soja: 8,08%
- Linguiça: 6,24%
- Queijo: 4,20%
- Chã de dentro: 3,90%
- Maçã: 3,14%
- Costela: 3,06%
- Leite: 2,93%
- Arroz: 2,83%
- Feijão fradinho: 2,83%
- Chocolate: 2,73%
- Contrafilé: 2,71%
Ele explica que diversos fatores impactam no aumento do preço dos alimentos, como a alta do dólar, o aumento das exportações , desabastecimento do mercado interno e a elevação dos custos de produção que impactam no preço do produto final.
Segundo a pesquisa, em agosto, Fortaleza apresentou um leve crescimento de 0,20% ante julho ( 0,13%) nos alimentos. De janeiro até o momento, o grupo alimentação não registrou deflação em nenhum mês.
Inflação dos alimentos mês a mês:
- Janeiro: 0,83%
- Fevereiro: 0,94%
- Março: 1,16%
- Abril: 1,67%
- Maio: 0,72%
- Junho: 0,31%
- Julho: 0,13%
- Agosto: 0,20%
Educação
Apesar da elevação no preço dos alimentos, o grupo educação puxa o cenário de deflação na Capital, com queda de 7,70% no mês. Para o economista Alex Araújo, isso reflete "um motivo de preocupação".
"É mais um motivo de preocupação do que de comemoração, foi uma queda devido ao grande número de cancelamento de matrículas de educação privada, principalmente de crianças menores e em colégios de menor porte. Isso sinaliza um problema, porque as famílias não estão tendo condições de pagar as mensalidades e o ato de cancelar força as escolas a reduzirem a mensalidade, gerando uma queda de preço. Não é que o serviço esteja barato, é que com os cancelamentos as escolas estão tentando reduzir os custos", explica.
Dentro do grupo, os itens que mais tiveram deflação foram: pré-escola (18,69%), ensino médio (9,79%), educação de jovens e adultos (9,61%), ensino fundamental (9,42%), cursos regulares (9, 22%) e ensino superior (7,90%).
Resultados
De acordo com a pesquisa, Fortaleza registrou o maior recuo do país em agosto. Atrás da Capital estão: Rio de Janeiro (-0,13%), Belém (-0,04%) e Grande Vitória (-0,03%).
O Brasil apresentou um leve crescimento de 0,24%, em agosto ante 0,36% em julho. Segundo o IBGE, este foi o maior resultado para um mês de agosto desde 2016, quando o índice registrou 0,44%
Com o resultado, a Capital acumula uma inflação de 1,32% no ano e 2,8% ns últimos 12 meses.