Apontada pelos analistas em relações internacionais como a mais democrática e com uma política externa mais ativa que seus colegas do Brics, a Índia ocupa, atualmente, a posição de décima economia mundial em termos de Produto Interno Bruto (PIB) nominal (calculado a preços correntes, sem descontar a inflação) e a terceira em paridade de poder de compra, bem como a terceira mais desenvolvida da Ásia, atrás apenas da vizinha China e do Japão.
Embora no ano passado a taxa de crescimento do país tenha ficado na casa dos 5%, a segunda maior entre os integrantes do grupo de emergentes - perdendo somente para a China -, a economia indiana desacelerou para o ritmo mais baixo em uma década, revelando, dessa forma, falhas no governo em conseguir atuar de forma eficaz nas reformas que encorajariam os investimentos e a performance da sua indústria.
Nesse sentido, para os especialistas consultados, o que a Índia precisa é melhorar o seu ambiente de negócios. Entre 2006 e 2013, ela caiu de 116º para 134º no ranking sobre "facilidade de fazer negócios", entre 189 países, divulgado pelo Banco Mundial, evidenciando, assim, a necessidade dessas reformas. Conforme apontam os estudiosos, melhorias significativas poderiam ser alcançadas ao alterar as regras para acelerar a aprovação de licenças ambientais e simplificar a regularização do trabalho.
Ao mesmo tempo, destaca Carlo Patti, professor do Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisador do Brics Policy Center- entidade dedicada ao estudo dos emergentes -,o país ainda convive com uma forte desigualdade social.
Bolsões de pobreza
"Este não é um problema exclusivo da Índia no contexto do Brics. Brasil, China e África do Sul também têm. Existem enormes bolsões de pobreza espalhados por todo o país, e este um dos seus grandes desafios na perspectiva de avanço e modernização, o que pode desencadear possíveis protestos pontuais", relata o especialista.
Nesse contexto ganha destaque a necessidade de melhorar a quantidade e a qualidade da educação e da saúde, a fim de desencadear um processo de crescimento econômico e de desenvolvimento mais sustentável.
De fato, explica Patti, o rápido crescimento da população indiana resulta em maior necessidade de investimentos sociais, ambientais e econômicos por parte do governo.
Tecido produtivo
Analisando o tecido produtivo da Índia, o setor de serviços foi o principal impulsionador do avanço da sua economia nas últimas duas décadas, embora ainda seja um país fortemente agrário, com mais de 50% dos empregos gerados sendo provenientes do setor de serviços. Já a indústria permaneceu praticamente estável, não saindo de uma participação de 25%.
Os produtos agrícolas mais comuns são: arroz, trigo, algodão, chá, cana-de-açúcar, juta, sementes oleaginosas, especiarias, legumes e verduras. As criações de aves, cabras, ovelhas, búfalos e peixes também se destacam. Na mineração, o principal item é o minério de ferro, embora também sejam explorados carvão, diamante, cromita e asfalto natural.
Quanto à indústria indiana, embora pouco tenha avançado em participação, esta está cada vez mais diversificada. As áreas que mais se desenvolvem são aço, equipamentos e máquinas, cimento, alumínio, fertilizantes, têxteis, juta, biotecnologia, produtos químicos, softwares e medicamentos. "O mercado de tecnologia é um dos destaques. Atualmente, os grandes grupos internacionais já operam no país", afirma Patti.
Apelidada de Bollywood, em referência à cidade de Bombaím (antiga Mumbai) e a Hollywood (berço da indústria cinematográfica norte-americana), outro destaque da economia indiana é a indústria cinematográfica. O país é o que mais produz filmes anualmente.
Entretanto, apesar do grande crescimento econômico da Índia nos últimos anos, o governo continua gastando mais do que arrecada, o que aumenta a dívida externa do país, pressionando ainda a inflação. (ADJ)
Necessary reforms
Socioeconomic investment on India's agenda
As pointed out by international relations analysts as the most democratic and a foreign policy that is more active than their BRICS counterparts, India currently ranks as tenth in the world economy in terms of nominal gross domestic product (GDP) (calculated at current prices, without discounting inflation) and third in purchasing power parity, and the third most developed in Asia, followed by China and Japan.
While the country's growth rate was around 5% last year, the second largest after first place China among the emerging group members, the Indian economy has slowed to the lowest rate in a decade. This reveals failures in the government to effectively make reforms that would encourage investments and industrial performance.
Therefore, according to the experts consulted, what India needs to improve is its business environment. Between 2006 and 2013, it fell from 116 to 134 in the ranking of "ease of doing business" among 189 countries, released by the World Bank, thus demonstrating the need for such reforms. As pointed out by scholars, significant improvements could be achieved by changing the rules to speed up environmental permit approvals and the simplification of work regularization.
The country still faces a strong social inequality according to Carlo Patti, professor at the Institute of International Relations at the Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio) and researcher at the BRICS Policy Center, an organization dedicated to the study of emerging countries. "This is not just a problem in India. Other BRICS countries including Brazil, China and South Africa also suffer with the same issue. There are huge pockets of poverty spread throughout the country. This is one of its greatest challenges in the outlook on advancement and modernization and can trigger protests," says the expert.
This points out the need to improve the quantity and quality of education and health in order to set off an economic growth process and more sustainable development. Indeed, rapid population growth results in a greater need of social, environmental and economic investments by the government.
In analyzing India's productive landscape, the service sector was the main driver of its economic progress over the last two decades, although India is still a heavily agricultural country, with over 50% of jobs are generated from the service sector. The industry remained practically stable at 25%.
Products
Common agricultural products include: rice, wheat, cotton, tea, sugar cane, jute, oilseeds, spices, and vegetables. The amount of birds, goats, sheep, buffaloes and fish raised for agricultural purposes are noteworthy . In mining, the main product is iron, although coal, diamonds, chromite and natural asphalt are also exploited.
Regarding India's industry, although there has been little advancement in its stake in the economy, it is increasingly diverse. The areas that develop the most are: steel, equipment and machinery, cement, aluminum, fertilizers, textiles, jute, biotechnology, chemicals, software and medicines. "The technology market is one of the highlights. Currently, major international groups are already operating in the country," says Patti.
Dubbed Bollywood, in reference to the city of Bombay (formerly Mumbai) and Hollywood (the birthplace of the American film industry), the film industry is another bright spot in the Indian economy. The country produces the most films per year in the world.
Nevertheless, despite the high economic growth in India in recent years, the government continues to spend more than it collects which increases the external debt of the country and pushes up inflation.