Indústria espera retomar nível da produção ainda em 2020 no Ceará

Setor recuou mais de 21% em maio. Especialista prevê retorno ao patamar pré-pandemia no quarto trimestre de 2020, caso não haja uma nova onda de casos no Estado e o plano de reabertura dos negócios prossiga

Reflexo do impacto da redução da atividade econômica causada pela crise do coronavírus, a produção industrial cearense retraiu 21,8% em maio de 2020 quando a comparação é feita com igual período do ano passado. O dado apresenta, talvez, segundo especialistas, o pico da influência da pandemia no setor, e deve contribuir para uma queda entre 5% e 6% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial cearense.

Contudo, a expectativa é que o setor possa voltar ao patamar de produção registrado antes da pandemia ainda em 2020, caso não tenhamos uma segunda onda de contágio e o plano de retomada do Governo do Estado prossiga. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), o resultado já era esperado, considerando que em maio não houve alterações nas dinâmicas liberadas pelo plano de retomada.

Ele também comentou, contudo, que a expectativa é de recuperação para o mês de junho. A justificativa se baseia na liberação de etapas do projeto de reabertura da economia e a base de comparação com os meses anteriores. Como o maior impacto da crise foi registrado nos mês de março, abril e maio, é provável que o setor inicie a recuperação neste mês.

"Em junho, já esperamos uma forte recuperação da indústria, com a liberação das cadeias, mas a nossa recuperação será diferente de estados que não tiveram as etapas, como Goiás. A gente não espera que a indústria cearense tenha um comportamento semelhante à goiana, mas a ideia é que a gente apresente um nível muito acima dos meses passados", disse Muchale.

O gerente do Observatório da Indústria ainda destacou que o setor deverá voltar ao patamar de produção anterior à crise no quarto trimestre deste ano. Ainda assim, a expectativa é que o PIB industrial cearense encolha entre 5% e 6% em 2020.

"É natural que a recuperação aconteça ao longo dos próximos meses, mas o principal ponto positivo foi ter passado mais de 40 dias antes sem a possibilidade de uma nova onda de contaminação. Estamos com a pandemia sob controle, mesmo que o número de casos ainda seja alto", disse.

Muchale destacou que os segmentos têxtil, confecções e calçados serão os mais beneficiados pela retomada, considerando que estavam paralisados desde o início da pandemia. O único segmento que apresentou números positivos durante a crise no Ceará, destaca, foi o de produção de bebidas e de alimentos, pela alta da demanda doméstica.

Exportações

Já o economista e consultor internacional Alcântara Macedo afirmou que a desvalorização cambial deverá potencializar a retomada dos segmentos da indústria que dependem da exportação, como a produção de chapas de aço e dos segmentos ligados ao agrone-gócio. "A área de exportação pode até não recuperar a produção, mas o faturamento terá alta por conta do dólar mais caro", explicou.