Após um início de ano com baixas - a exemplo do fechamento da fábrica da Guararapes em janeiro - a indústria do Ceará vem recuperando os índices de geração de empregos nos últimos meses. De junho a setembro, a curva do saldo de empregos formais criados pelo setor é crescente, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego.
Em setembro, as indústrias do Ceará geraram 2.906 empregos, saldo resultante de 9.997 admissões e 7.091 desligamentos. O número é o maior do ramo para 2023 e ficou atrás apenas do saldo do setor de serviços no mês. Agosto também teve um resultado positivo, com 2.483 empregos gerados.
O setor industrial teve queda de 6,28% em 2022, com impacto direto na geração de trabalho formal. Dezembro do ano passado fechou com saldo negativo de 3.688 empregos no setor. O resultado ruim continuou em janeiro, que registrou 2.807 vagas formais a menos. O saldo teve leve recuperação, voltou a ficar negativo em abril e maio, e segue crescente desde junho.
Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), explica que a queda foi puxada pelas indústrias de confecção e calçadistas.
Muchale aponta que, com a recuperação dos últimos meses, a indústria do Ceará tem consolidado a posição de destaque no Nordeste. O crescimento é observado principalmente no ramo alimentício, de máquinas e aparelhos eletrônicos e energia.
“O acumulado do ano não só é positivo, como o crescimento vem ocorrendo na grande maioria dos setores industriais. Segmentos que iniciaram o ano com comportamento mais negativo tem apresentado recuperação. Quem sabe até o fim do ano a gente consiga reduzir bastante o gap de empregos”, aponta o gerente.
Crescimento pode significar recuperação da produção industrial
Os dados de geração de empregos são animadores e podem indicar que houve recuperação da produção industrial do Estado no terceiro trimestre, segundo Alexsandre Cavalcante, analista de políticas públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
No segundo trimestre de 2023, a indústria cearense teve queda de 3,25% na evolução de seu Valor Adicionado Bruto (VAB), na comparação com igual período do ano passado, segundo o Ipece. Essa foi a quinta redução seguida no índice, puxada principalmente pela Indústria da Transformação.
“Existe uma expectativa de crescimento da produção industrial com base na retomada da geração de empregos para o terceiro trimestre de 2023. Porque o principal indicador antecedente da atividade econômica é o emprego. Você contrata para poder produzir”, explica.
O analista aponta que a recuperação acompanha a dinâmica da indústria nacional, com uma sinalização de aumento das vendas no comércio. “A Pnad mostrou que alcançamos uma das menores taxas de desemprego, com aumento da ocupação formal no Brasil. Isso é muito positivo. Podemos comemorar a retomada dos empregos na economia cearense, com destaque para a indústria”, aponta.
O Secretário do Trabalho do Ceará, Vladyson Viana, projeta que a indústria da transformação deve superar o saldo de geração de empregos do ano passado, que foi de10.686. Além das indústrias de alimentos e de máquinas, ele também destaca o crescimento de empregos formais no subsetor da produção têxtil.
“O mais importante é que o acumulado do ano é positivo. Os órgãos públicos têm apoiado o fortalecimento, gerando mais oportunidades, incentivo fiscais, ofertando estruturas físicas e atração de investimentos”, aponta.
Com 264.920 postos de trabalho na indústria, conforme o Caged, o Ceará tem o segundo maior acumulado do Nordeste. Em primeiro lugar, está a Bahia (299.897). Pernambuco completa o ranking, com 238.025 empregos formais. O Estado também tem o segundo maior acumulado de 2023.
Veja o saldo de empregos na indústria por estado do Nordeste em 2023
- Alagoas: 1.431
- Bahia: 8.415
- Ceará: 4.524
- Maranhão: 3.043
- Paraíba: -2.173
- Pernambuco: 2.624
- Piauí: 3.386
- Rio Grande do Norte: 1.475
- Sergipe: 2.147