A inadimplência dos consumidores desacelera e avança 0,9% neste primeiro semestre do ano. O resultado aponta a segunda menor variação nos atrasos desde 2012, quando o volume de dívidas em atraso havia crescido 5,8%. Em comparação a 2017, o crescimento registrado no primeiro semestre foi similar ao deste ano, com alta de 0,8%. Os dados são da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
Em relação a junho do ano passado, a inadimplência cresceu 1,7%, é o menor avanço na base anual de comparação desde dezembro de 2017 (1,3%). Das cinco regiões do país três apresentaram alta em junho. As regiões Nordeste e Centro-Oeste apresentaram recuos de 0,6% e 0,3% respectivamente. Na ponta oposta, o Sudeste liderou o ranking com um aumento de 3,4% em junho ante igual mês do ano passado.
Para o presidente da CNDL, José Cesar da Costa, o ano de 2019 vem frustrando as expectativas de que haveria um reflexo positivo no dia a dia dos consumidores com o processo de retomada econômica.
"Embora os juros estejam menores e a inflação dentro da meta, o desemprego ainda é elevado e acaba reduzindo tanto a capacidade de pagamento das famílias, quanto o apetite as compras. A recuperação está mais lenta do que o esperado e as projeções mostram que teremos um segundo semestre ainda tímido para as finanças do brasileiro, mesmo com o avanço de reformas estruturais, cujos efeitos são sentidos no longo prazo. A expectativa é de que a inadimplência comece a apresentar recuos a partir de 2020”, analisa.
Dívidas
Em junho, os gastos com as despesas básicas do lar, como contas de água e luz, apontaram um aumento de 17,2%, com base anual de comparação. As dívidas bancárias cresceram 2,7%. Em contrapartida, as compras realizadas no carnê ou crediário em estabelecimentos comerciais recuaram 5,2% e os atrasos em contas de internet, TV por assinatura e serviços de telefonia caíram 20,3% no período.
Segundo o indicador, o valor médio da dívida dos brasileiros é de R$ 3.252,70 em junho. Em relação à maio, houve um leve recuo de 0,4%, quando o valor médio das dívidas era de R$ 3.239,48. O valor representa quase três vezes e meia o salário mínimo no país (R$ 998,00).
Mais das metades das dívidas pendentes (53%) de pessoas físicas no país têm como credor algum banco ou instituição financeira. O comércio apresenta segundo lugar, concentrando 17% do total de despesas não quitadas,seguido pelo setor de comunicação (11%).
Os débitos com as empresas concessionárias de serviços básicos como água e luz simbolizam 10% das dívidas não pagas no Brasil. De acordo com o educador financeiro do SPC Brasil, José Vignoli, o consumidor deve inicialmente quitar as dívidas bancárias, que geralmente, são as que possuem juros mais elevados.
“Para evitar o chamado efeito ‘bola de leve’, o consumidor deve priorizar o pagamento de dívidas com juros mais elevados, que geralmente, são as dívidas bancárias. É preocupante que esse segmento represente a maior fatia das contas em aberto no país. Uma opção que pode ser analisada em certos casos é a substituição da dívida por uma outra que cobra juros mais baixos, como é o caso do consignado”, orienta.
Perfil
O maior crescimento do nível de inadimplência no mês foi observado na população idosa, entre 65 aos 84 anos, com alta de 7,5%. Em seguida estão os consumidores de de 50 a 64 anos (3,9%) e de 40 a 49 anos (2,8%).
Os idosos acima dos 65 anos formam 10% do universo total de inadimplentes, ao passo que jovens de até 24 anos somam 4% dos que estão nessa situação.