São Paulo/Fortaleza. Desde o ano de 2014, pelo menos, a operadora de saúde cearense Hapvida vem se preparando oficialmente para a abertura de capital na bolsa de valores. A empresa estreia hoje, com cotação estimada em R$ 23,50. A expectativa era operacionalizar R$ 2,8 bilhões em negociações dos papéis, mas ontem, já superava a previsão de movimentar R$ 3,4 bilhões. Hoje, ocorre o IPO (sigla em inglês que significa "oferta pública inicial") na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), com 93,9 milhões de ações, além de 28,58 milhões na oferta secundária.
Com o código HAPV3, as ações deverão ficar levemente acima da faixa indicativa, que ia de R$ 20,41 a R$ 25,66. A listagem será no Novo Mercado, segmento de maiores exigências de governança. A demanda pela ação, conforme a Bolsa, superou em cinco vezes a oferta.
Com o valor de R$ 2,631 bilhões para a oferta primária, a companhia planeja expandir seu negócio, o que pode ocorrer por meio de aquisições de carteiras de clientes, compra de hospitais, ou, ainda, através de investimentos orgânicos para ampliação geográfica da sua atual estrutura de atendimento.
O Hapvida, segunda maior seguradora de saúde do Norte e Nordeste, foi fundado em 1979 pelo médico Cândido Pinheiro, em Fortaleza. A estimativa é que a empresa tenha participação de mercado entre 22% e 27%. Conforme a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a empresa cearense administra planos de cerca de 2,2 milhões de beneficiários, com 24 hospitais, 18 pontos de atendimento e 73 clínicas (Hapclínicas).
Expansão
Um dos focos, segundo o prospecto preliminar do IPO, será expandir as atividades para a região Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Já a oferta secundária, referente à venda das ações detidas pelos atuais acionistas, somou R$ 800,747 milhões. Os bancos coordenadores foram BTG Pactual (líder), BofA Merrill Lynch e Goldman Sachs.
Na segunda-feira (23), a ação da operadora de planos de saúde Notredame Intermédica estreou na B3. Também com elevada procura por investidores, o papel saltou no pregão de segunda-feira 22,73%, a R$ 20,25. Hoje ganha mais de 4%.
Hapvida e Notredame reforçam a presença de empresas de saúde suplementar na bolsa de valores e se unem à SulAmérica e Porto Seguro.
As duas empresas são ofertadas com os mesmos múltiplos, isto é, o cálculo utilizado para se determinar o valor da empresa é igual, mas o Hapvida leva vantagem: a empresa cearense obteve lucro de R$ 650,6 milhões no ano passado (margem de 21,4%), enquanto a Notredame registrou cerca de R$ 393,6 milhões de lucro(margem de 13,4%). Em 31 de dezembro de 2017, após crescimento de 10% ao ano nos últimos três anos, o Hapvida chegou a 3,9 milhões de beneficiários no País.
Exemplo
Na opinião do economista Alex Araújo, o ingresso do Hapvida no mercado de ações serve de exemplo para o empresariado cearense, pela visão de alternativa de captação de recurso e pela gestão transparente.
"Há um aspecto simbólico, que é uma empresa daqui do Ceará se lançar neste mercado, que tem certa sofisticação, de companhias abertas. Mostra a maturidade do empresariado cearense, elevada competência de gestão, é um ponto muito positivo. Outro ponto é mostrar para a sociedade e o meio empresarial que o mercado de capitais é uma forma interessante de levantar recursos. Essa capitalização permite colocar a empresa em outro patamar de crescimento. É um exemplo de muito significado para nós", afirmou.
Araújo ressaltou ainda a qualidade da gestão da operadora de saúde cearense. "Isso também mostra a expectativa dos investidores por alternativas e apresenta essa combinação, um serviço em larga escala essencial, que é saúde, e o resultado dessa gestão do Hapvida, que consegue alcançar um mercado muito amplo. O investidor gosta muito desse tipo de empresa, que tem excelência de gestão e tem base ampla de mercado. Para várias empresas cearenses de modelo parecido, mostra essa alternativa de capitalização. Acredito que, de fato, vai ser um grande sucesso", pontuou.
O início das negociações está marcado para às 9h, com a abertura da Bolsa. O Hapvida fará um evento, na B3, em comemoração ao início das operações.
Aguardando
Na fila para abrirem capital nesta semana estão ainda o Grupo Dass, fabricante de calçados que administra as marcas Fila e Umbro, e o banco Inter, que ainda aguarda maior interesse dos investidores agora que as ofertas de Hapvida e Notredame já foram lançadas.
Fique por dentro
Projeto começou em 1979
O Hapvida Saúde nasceu em 1979, sendo fundado pelo médico oncologista Cândido Pinheiro de Lima. A primeira ação foi a construção do Hospital Antonio Prudente, em Fortaleza. Na sequência, Cândido Pinheiro de Lima criou o Hapvida Saúde, em 1993.
Com o plano de saúde, vieram a Clínica de Diagnóstico Vida & Imagem, o Laboratório Antonio Prudente e as Hapclínicas. Hoje, de acordo com o site oficial da empresa, o Hapvida Sistema de Saúde chega a 11 estados do Norte e Nordeste e tem uma carteira de 3,9 milhões de usuários no País.
Todos estes usuários podem utilizar a rede credenciada preferencial de atendimento, além da rede credenciada extra. São cerca de 20 hospitais em operação, mais de 10 pronto atendimentos, algo em torno de 50 Hapclínicas, além de aproximadamente 40 Vida & Imagem e 10 laboratórios com cerca de 40 postos de coleta. A empresa também desenvolve ações por meio da Fundação Ana Lima, braço social do Hapvida Sistema de Saúde. Na lista de projetos da entidade, o Hapvida nos Bairros, Sopão da Vida Projeto Ilhas e Medicina Preventiva.
No Estado do Ceará, são cinco hospitais da rede: Antônio Prudente, Aldeota, Ana Lima, Luís França e Eugênia Pinheiro, este, também maternidade. Em Pernambuco, são seis hospitais.
Conforme a página oficial da empresa cearense na internet, o "Hapvida Sistema de Saúde alia tecnologia e humanização, sempre em busca do melhor para seus clientes. Para manter essa performance, aposta no desenvolvimento, realiza inovações constantes e vem investindo firme em infraestrutura e na capacitação de pessoal".