São Paulo. Os saques nas contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) injetaram R$ 10,8 bilhões no comércio varejista, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Do total de R$ 44 bilhões sacados das contas inativas entre março e julho deste ano, 25% chegaram aos caixas dos varejistas.
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Quatro entre oito segmentos tiveram impacto relevante nas vendas absorvendo 86% dos recursos destinados pelos trabalhadores às compras: vestuário e calçados (R$ 4,1 bilhões); hipermercados e supermercados (R$ 2,8 bilhões); artigos de uso pessoal e doméstico (R$ 1,3 bilhão); e móveis e eletrodomésticos (R$ 1,2 bilhão).
"Esse dinheiro do FGTS foi totalmente inesperado. Fiz uma viagem que não estava nos planos e comprei uns móveis para a casa nova, porque calhou de estarmos de mudança na época do saque", contou o empresário Daniel Tambarotti. Ele comprou mesa e estante com parte do FGTS acumulado durante os oito anos no último emprego.
A destinação de recursos do FGTS para a aquisição de bens no comércio poderia ter sido mais expressiva, na avaliação do economista Fábio Bentes, da CNC. O varejo ampliado - que inclui veículos e material de construção - faturou R$ 770 bilhões nos meses de saques do FGTS. No entanto, apenas 1,4% desse montante foi proveniente das contas inativas.
Poderia ser melhor
"Se você dá R$ 100 na mão do brasileiro, ele gasta R$ 90. Ele não gastou esses R$ 90,00 porque estava muito endividado. As pessoas aproveitaram esse recurso extraordinário para limpar o nome, reduzir o endividamento. A crise fez com que sobrasse pouco para o varejo", disse economista da CNC.
Na avaliação de Fábio Bentes, se o cenário econômico do País não estivesse tão complicado, apenas o varejo teria absorvido mais de 40% dos recursos do FGTS. "Somando com o que seria gasto em serviços, esse montante encostaria em 85% do total sacado", disse.