Falta de infraestrutura é o principal obstáculo

As obras de duplicação do Anel Viário, paradas desde 2012, seguem afetando o escoamento da produção industrial

Apesar de décadas de desenvolvimento da região, indústrias e moradores dos arredores dos distritos industriais de Maracanaú ainda enfrentam hoje problemas com infraestrutura. A paralisação das obras de duplicação da Rodovia Quarto Anel Viário, equipamento fundamental para o transporte de cargas, tem provocado longos congestionamentos e dificultado o acesso à empresas da área.

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O problema é apontado tanto pelo presidente da Associação Empresarial de Indústrias (Aedi), Adriano Borges, como pela presidente da indústria de cerâmicas Cerbras, Ana Lúcia Mota, cujo acesso à fábrica foi prejudicado pela reforma. Com frequentes engarrafamentos, até mesmo em horários não considerados de pico, o transporte de cargas e de pessoas vem sendo afetado pelas obras.

"Essa ampliação está demorando muito para ser concluída. É por essa rodovia que transportamos alguns produtos para o Porto do Pecém, para exportação, e também por onde chegam maquinários que importamos. Sua conclusão facilitaria muito o trânsito, que sempre é demorado", observa a presidente. A via serve como principal caminho para transportes de cargas, já que interliga os portos do Pecém e do Mucuripe.

Atraso

As obras para a duplicação do Anel Viário foram iniciadas em janeiro de 2012 e tinham conclusão prevista para dezembro do ano passado, com orçamento inicial de R$ 204,47 milhões. No entanto, devido a atrasos com desapropriações, novas concepções de projeto e, posteriormente, com a rescisão do contrato da empresa responsável por tocar a reforma, os serviços seguem parados e com apenas 61% de execução, de acordo com informações do Departamento Estadual de Rodovias (DER).

Em nota, o órgão informou que um projeto remanescente para as obras do Anel Viário já foi elaborado. Neste momento, ele estaria sendo apreciado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit), de onde, em seguida, deverá partir um novo processo licitatório para possibilitar a continuidade dos trabalhos. Não há prazos para reinício ou conclusão das obras, bem como não existe previsão de novo orçamento.

Recessão

Além das dificuldades com a infraestrutura local, as indústrias ainda têm sofrido com efeitos decorrentes do cenário econômico brasileiro. Segundo Adriano Borges, o desaquecimento da economia afetou a maior parte das empresas industriais cearenses, salvo poucas exceções, o que provocou um aumento exponencial do desemprego. Dados da Prefeitura de Maracanaú mostram que o município perdeu 648 vagas formais no ano passado, em comparação a 2014.

Borges destaca que, em época de pleno emprego, outro grave obstáculo enfrentado pelos industriais é a falta de qualificação. "A mão de obra no Ceará ainda é muito simplória", considera. "Escolas técnicas, como do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Sesc e Senai fazem um trabalho espetacular, mas ainda vai levar um tempo para os profissionais se firmarem", afirma.

Outro ponto apontado por ele diz respeito à necessidade de uma interligação das tubulações de gás para a indústria. Um passo será dado com o início das operações da Gás Natural Renovável Fortaleza (GNR Fortaleza), prevista para o fim de 2017, que produzirá o combustível a partir da decomposição do lixo gerado na grande Fortaleza e será integrado à rede da Companhia de Gás do Ceará (Cegás).

A empresa já está licitando a construção de um gasoduto interligando a usina e a fábrica da Cerbras, no Distrito Industrial III, a maior consumidora de gás natural do Estado. Após a regulamentação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o gás natural será injetado na rede de distribuição da companhia, conforme explicou o presidente da companhia, Antônio Cambraia, no fim do último mês de abril.