Esperanças para retomada do comércio exterior brasileiro em 2020 caem, diz Maersk

"As importações e exportações brasileiras estão deixando de se recuperar em agosto ou ter o desempenho esperado em janeiro", diz a empresa

As esperanças para o comércio exterior brasileiro se recuperar no ano que vem estão diminuindo, segundo avaliação da dinamarquesa Maersk, maior companhia de transporte de contêineres do mundo, em seu relatório trimestral.

"As importações e exportações brasileiras estão deixando de se recuperar em agosto ou ter o desempenho esperado em janeiro", diz o documento, que acrescenta que "as exportações, que devem se beneficiar do real depreciado, estão com baixo desempenho".

O cenário global também não ajuda a melhorar a situação da economia brasileira, avalia a empresa em seu relatório.

"Nuvens estão se formando no horizonte para o Brasil e o mundo. O comércio e a fabricação global estão desacelerando. A disputa de tarifas nos EUA e na China está reduzindo os volumes globais de contêineres e isso pode piorar. O brexit continua impactando o comércio europeu e isso também afeta o Brasil."

Além desses pontos, a companhia também afirma que é improvável que os benefícios do livre-comércio com União Europeia ocorra antes de 2022 e que o país ainda precisa avançar nas reformas econômicas propostas pelo governo.

À Folha de S.Paulo, o gerente de produto da empresa, Matias Concha, afirma que enquanto tais projetos não forem aprovados pelo Congresso, as compras ficarão estagnadas.

"Tem muita coisa como reforma da Previdência e reforma tributária que deixam várias dúvidas sobre qual que vai ser o futuro da economia brasileira, e isso impacta a confiança dos consumidores."

Outro ponto apresentado pelo relatório e abordado por Concha é referente às importações para o Natal. Segundo o texto, um salto nas importações para essa época ainda está para se concretizar, e isso geralmente ocorria em agosto.

"Normalmente o Natal é que faz o pico das importações, que começa a ocorrer no terceiro trimestre, com aumento significativo das compras, principalmente da Ásia. O que nós vemos agora são expectativas para o consumo brasileiro não muito positivas."

Embora o total de importações e exportações do país no segundo trimestre deste ano tenha avançado 11%, a empresa lembra no relatório que a comparação com o mesmo período do ano passado trem distorções. Isso porque a base desse período de 2018 está sob o efeito greve dos caminhoneiros.

"É importante mencionar isso porque, por ser tão pequena essa base de comparação, deveríamos esperar algo maior. Só que infelizmente o Brasil não está conseguindo materializar oportunidades externas. É o caso do real, cuja desvalorização é favorável à exportação", afirma Concha.

"É preciso desenvolvimentos em transportes, logística e infraestrutura. Se não ocorrerem, vão impedir que o Brasil aproveite o potencial que tem."