Endividamento cai pelo segundo mês em Fortaleza, mas segue acima de 70% da população

Gastos com alimentação são as despesas que mais pesaram nas dívidas dos consumidores, aponta pesquisa

Em setembro, 72,2% dos consumidores de Fortaleza possuem algum tipo de dívida, o que representa uma queda de 2,1 percentuais em comparação a agosto, aponta levantamento do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC). Segundo o estudo, as pessoas utilizaram o crédito principalmente para adquirir serviços básicos.

Os serviços de alimentação representam a maior parte da dívida dos consumidores da Capital cearense, citado por 46,1% dos entrevistados, seguido por 25,2% com outros gastos e 22,7% do crédito ao aluguel residencial. A diretora institucional da Fecomércio, Claudia Brilhante, explica que esse endividamento provocado pela compra de alimentos está relacionado à falta de planejamento financeiro e pela facilidade de compra com o cartão de crédito. 

“Você está ali com o cartão, você tem aquele limitezinho. No dia que vai comprar, fazer o supermercado, pensa: 'até tenho um dinheirinho aqui, mas vou fazer no cartão mesmo, vou deixar esse dinheiro para outra coisa’. Então, as pessoas precisam fazer uma programação. Entender que esse não é um bom caminho, mas pela facilidade de ter um cartão ali com limite, ela vai e compra no cartão de crédito”, aponta.

A pesquisa aponta que os gastos com cartão de crédito ainda são o principal de meio de endividamento dos fortalezenses, responsável por 68,4% das dívidas à prazo. Os financiamentos bancários, empréstimos pessoais e carnês de lojas representaram 16,7%, 8,3% e  5,7%, respectivamente.

Perspectiva

O endividamento dos consumidores da Capital se mantém acima de 70% desde o início da pandemia, em março. A expectativa é que a redução desses dados só aconteça em novembro e dezembro, com o pagamento do 13º salário, prevê Claudia.

A diretora institucional da Fecomércio acredita ainda que o índice de dívidas entre os fortalezenses pode aumentar em outubro, com a redução do valor das parcelas do auxílio emergencial. 

“Quando as pessoas começaram a receber o auxílio emergencial, elas começaram a comprar. E algumas pessoas acabaram reformando casa, compraram aparelho eletrônico, compraram em prestações. Essas prestações estão chegando. O auxílio, a partir de agora, vai começar a reduzir, não vai ser mais R$600, vai ser R$300. Isso já vai ser uma preocupação”, alerta.

O estudo também mostrou que os homens estão mais endividados que as mulheres, com 73,5% contra 71,1% do público feminino. Separando por faixa etária, o grupo de pessoas entre 25 e 34 anos foram os únicos que apresentaram um aumento em relação ao mês anterior, de 74,1% em agosto para 77,2% em setembro.

Em relação ao valor aproximado das dívidas dos consumidores, a pesquisa do IPDC apontou que a maior parte do endividamento, cerca de 20%, varia entre R$501 a R$1000. O número é seguido dos consumidores com dívidas acima de R$5 mil reais,  com 18,2%.

Organização financeira

Para se organizar financeiramente e quitar as dívidas, Claudia Brilhante aconselha aos consumidores procurarem imediatamente a instituição a qual está devendo para fazer uma negociação do endividamento em parcelas menores, que caibam no orçamento familiar. O segundo passo é anotar os gastos essenciais do mês. 

Os consumidores também precisam parar de utilizar o cartão de crédito para adquirir serviços de alimentação, indica a diretora da Fecomércio. “O que a gente orienta a esse consumidor é que ao invés dele fazer essas compras no cartão de crédito, 3 ou 4 vezes no mês, ele vá a cada dois dias no supermercado e compre para esse período. Vai comprar só dois quilos de feijão, comprar um quilo de arroz, mas que compre no dinheiro”.