Empreendedorismo feminino: o que é, importância e desafios

Mulheres estão conquistando os espaços dominados pelos homens, sendo, cada vez mais, o cérebro e as mãos por trás de soluções tecnológicas e criativas

A inserção da mulher no mercado de trabalho ainda é atravessada pelo machismo estrutural. As trabalhadoras enfrentam desigualdade racial e de gênero, como salários mais baixos, discriminação contra as mães e assédios. Nesse contexto, muitas delas são obrigadas a criar o próprio negócio.

Mas a necessidade não é o único combustível para o empreendedorismo feminino. Cada vez mais, elas conquistam os espaços dominados pelos homens, sendo o cérebro e as mãos por trás de soluções tecnológicas e criativas. 

O diretor técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-CE), Alci Porto, explica que, quando uma trabalhadora empreende, gera um ciclo de prosperidade para a comunidade, família e para outras mulheres, criando uma rede de apoio fortalecida e com melhores possibilidades financeiras.

"Além de ser uma ferramenta de transformação econômica, social e profissional, o empreendedorismo também gera uma mudança pessoal na vida das mulheres, fortalecendo o senso de capacidade, autonomia e independência", observa.

"Podemos dizer que orientar e ajudar a desenvolver negócios liderados por mulheres contribui para que estas empresárias possam influenciar e inspirar outras mulheres a superar obstáculos e desafios”, enfatiza.

Entenda mais sobre o tema abaixo. 

O que é empreendedorismo feminino? 

Porto define o empreendedorismo feminino como um movimento que envolve negócios fundados, pensados ou comandados por mulheres, que, além de contribuírem para o crescimento da economia, são fatores de geração de renda e de transformação social para esse público.

O empreendedorismo feminino no Brasil 

Para ilustrar o empreendedorismo feminino no Brasil, é necessário entender o contexto social. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, 48% dos lares brasileiros e eram chefiados por mulheres. 

Apesar disso, esse grupo ainda enfrenta machismo no mercado de trabalho, desigualdade salarial e dificuldade de conciliar a maternidade, por exemplo. Por isso, em muitos casos, o empreendedorismo nasce da necessidade.

Alci Porto aponta que, no fim de 2020, as mulheres representavam um terço (8,6 milhões) dos "Donos de Negócios no Brasil", segundo dados da pesquisa Empreendedorismo Feminino no Brasil (2021). 

“Durante a pandemia, as mulheres enxergaram no empreendedorismo um caminho de autonomia e uma possibilidade de renda, com isso, avançaram na criação de novas empresas”, destaca. 

Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), principal pesquisa sobre empreendedorismo do mundo, realizada em parceria com o Sebrae, 55,5% das novas empresas criadas nesse período foram abertas por mulheres – um aumento expressivo na taxa de empresas nascentes.

Destas que começaram a empreender na pandemia, 43% o fizeram por “ser o seu sonho”, como mostra a pesquisa “Empreendedorismo Feminino: o voo delas/ 2021”, realizada pelo Movimento Aladas e Sebrae-SP. 

Alci acrescenta que, apesar de a maioria dos negócios comandados por elas não ter funcionários, 60% preferem a mão de obra feminina quando contratam, segundo o Instituto Rede Mulher Empreendedora (Irme, 2019).

Atualmente, dos empreendimentos liderados por mulheres, 45% são majoritariamente femininos. Sete em cada dez empreendedoras possuem sócias mulheres, conforme a pesquisa Irme, 2021

Quais os tipos?

Não há tipos de empreendedorismo feminino. Contudo, há segmentos em diversas atividades, mas não é possível limitar a atuação feminina a apenas um espaço. Elas podem estar em vários setores, incluindo aqueles dominados pelos homens.  

Ideias e dicas para o empreendedorismo feminino

Conforme o diretor técnico do Sebrae-CE, Alci Porto, a principal dica é investir em conhecimento, capacitação, planejamento, buscar informações de mercado, gestão de negócios e participar de grupos e redes de negócios que possam favorecer o “network” e a identificação de novas oportunidades.

“Tradicionalmente, os negócios liderados por mulheres se concentram em áreas como beleza, moda e alimentação, mas, cada vez mais, as mulheres têm diversificado sua atuação e empreendido em diversas áreas como saúde, serviços em geral, turismo e na criação de startups com foco em inovação”, destaca Alcir. 

Quais são os maiores desafios?

Alci lembra que uma das causas para a entrada feminina no empreendedorismo, além da motivação financeira, é a execução de uma atividade que possibilite satisfação pessoal, fazer a diferença e trazer algo novo para o mercado.

“Mesmo com esse cenário positivo de crescimento, ainda existem diversos avanços a serem feitos, tais como a existência de discriminação no ambiente de trabalho e a diferença de oportunidades, a necessidade de conciliar responsabilidades da vida pessoal com a profissional”, enfatiza. 

Ele acrescenta que o medo de arriscar e a baixa autoconfiança podem pode ser contornadas com capacitações e mentorias em desenvolvimento de competências comportamentais, técnicas e de gestão.