Os empresários das associações comerciais dos estados do Nordeste estiveram reunidos ontem em Fortaleza para discutir as demandas do setor na Região. Na ocasião, foram propostas medidas que serão apresentadas em uma carta em evento nacional no Rio de Janeiro, no dia 17 de outubro. Um dos alinhamentos fez referência aos rumos da economia no País, a partir das reformas a serem aprovadas pelo Congresso. As associações ainda declararam total apoio ao presidente Michel Temer e às mudanças na Previdência e nos gastos do poder público.
De acordo com o presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil, George Teixeira Pinheiro, o documento vai definir propostas para o setor comercial, a partir das reformas trabalhista e previdenciária. "As expectativas são positivas para o cenário econômico. As reformas são necessárias e urgentes", avalia. Ele reiterou que o ponto de vista do empresariado deve ser levado em consideração.
Já para o presidente da Associação Comercial do Ceará, João Porto Guimarães, o País precisa de investimentos em tecnologia e inovação. Ele ainda disse que o empresariado não aguenta mais o peso da carga tributária e que o Brasil necessita de reformas. "Não podemos deixar passar a oportunidade de mudanças", afirmou. Ele discutiu também a formulação de ações de combate à seca no Ceará com a apropriação de tecnologia adequada.
Para Luiz Fernando Studart, presidente da Associação Comercial da Bahia, "o Nordeste se arrasta no mesmo cenário desde a década de 50". Segundo ele, a Região recebeu poucos investimentos governamentais, sem políticas para aumentar a competitividade. "O que existem são projetos atomizados, sem políticas de desenvolvimento específicas", afirmou. Studart acredita ser necessário um planejamento nas associações para alavancar investimentos e competir igualmente com outros estados. Uma das formas é a política de incentivo fiscal. Ele disse que a regionalização do orçamento da União é outra necessidade.
Retomada do crescimento
Também esteve presente no evento da Associação Comercial do Ceará o economista-chefe do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Luiz Alberto Esteves. Ele afirmou que a saída da crise vai depender de como o Nordeste vai lidar com as medidas reformistas do governo Temer. "A crise vem desde 2014, mas o Nordeste entrou atrasado nela, e vai sair mais tarde dela", ressaltou.
Ao empresariado, o economista disse também que há uma tendência de reversão da crise. "Apesar de que esta reversão não está acontecendo tão rapidamente como era esperado, o fundo do poço já passou". Ele sinalizou a importância dos bancos de desenvolvimento neste contexto e reforçou a necessidade da consolidação fiscal para estabilizar a dívida, diminuir a inflação e reduzir as taxas de juros.
Luiz Alberto Esteves também acredita no posicionamento estratégico da economia brasileira a longo prazo, a partir da atração de investimentos, do papel das instituições, do poder da produtividade e também da inovação. "Precisamos de um avanço de uma agenda que faça o País ter ganhos, com reformas microeconômicas", finalizou.