O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira (5) que o Brasil está quebrado e que ele não consegue fazer nada. Ele disse ainda que a pandemia de Covid-19 tem sido "potencializada pela mídia"
A declaração do presidente Jair Bolsonaro de que o Brasil está quebrado e que não pode fazer nada recebeu críticas de economistas. Para especialistas ouvidos pela reportagem, o presidente usou o conceito de forma equivocada e gerou ruídos que podem trazer impactos negativos para o País.
"Chefe, o Brasil está quebrado, eu não posso fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter. É um trabalho incessante de tentar desgastar para tirar a gente daqui e atender interesses escusos da mídia", disse o mandatário nesta terça-feira (5).
A economista Elena Landau afirma que o uso do termo "quebrado" foi banalizado por Bolsonaro. Para ela, a declaração traz uma mensagem muito negativa para o mercado, dando impulso a uma perda de confiança no País em momento que o governo passa por uma crise fiscal e depende do investimento privado.
"O que os credores internacionais, o que os credores do Tesouro vão imaginar quando o próprio presidente da República diz que o País quebrou? Isso significa que o País não tem capacidade de pagar aquilo que ele deve", afirmou.
Conceito errado
Na avaliação do economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas, o conceito usado pelo presidente está errado. "Alguém precisa dizer para ele que nenhum país em emergência quebra. Mesmo fora da emergência, especialmente um país como o Brasil, que não depende de dólar para financiar sua dívida", disse.
De acordo com Velloso, a crise sanitária que o País vive é inédita e depende de ações do governo. Para ele, o pagamento do auxílio emergencial é necessário e essa discussão não deveria ser bloqueada pelo presidente.
"Em uma crise, você só precisa ter uma justificativa. E a justificativa é que as pessoas vão morrer na rua se a gente não ajudar (com o auxílio emergencial). As pessoas estão sendo confinadas, e agora com a segunda onda", disse o economista.