Mesmo com a alta, preços de pacotes nacionais são mais caros que os internacionais, seja qual continente for
Nova York, Miami, Orlando, Las Vegas, Buenos Aires, Portugal, França e Espanha. A alta do dólar não foi suficiente para atrapalhar os planos de viagens dos cearenses ao exterior neste fim de ano e nas férias de janeiro de 2014. Sejam Estados Unidos, Argentina ou até a Europa, em plena convalescença, fazer turismo fora do Brasil continua mais barato em relação a muitos destinos nacionais, segundo agencias de viagens locais, que projetam incremento de até 12% nas vendas de pacotes internacionais para o período.
Orlando esteve entre os destinos mais procurados pelos clientes cearenses nas agências de viagem, na companhia de Buenos Aires, Nova York e vários destinos na Europa Foto: divulgação
De acordo com a supervisora de marketing do Grupo Casablanca Turismo, Bárbara Redes, "o mercado continua muito aquecido para a venda de pacotes internacionais, já que muitos destinos no exterior têm preços mais competitivos do que pacotes nacionais. Mesmo com o aumento do dólar, os clientes que se programaram conseguiram economizar. Quase não temos mais pacotes para Réveillon e Natal", avisa.
Destinos e pagamento
Bárbara Redes lembra que durante o segundo semestre desse ano, os destinos internacionais mais procurados pelos clientes da Casablanca foram Buenos Aires, Orlando, Nova York e variados destinos na Europa. "As modalidades de pagamentos mais procurados para esses pacotes são os parcelamentos com até 30% de entrada mais cinco vezes no cartão de crédito ou 30% de entrada seguida de nove mensalidades em boleto bancário", informa a supervisora. Na Sollo Câmbio e Turismo, o clima é de otimismo. "O cearense está comprando sim mais viagens para o exterior em comparação ao mesmo período do ano passado. Na Sollo, os produtos internacionais como passagens, hospedagem e seguro de viagem para o exterior cresceu em torno de 12% de janeiro a outubro desse ano em comparação ao mesmo período de 2012", garante Ane Caroline Nascimento, diretora da empresa.
Preços nacionais mais caros
Dentre os motivos que contribuem para a crescente demanda por pacotes internacionais, a executiva aponta "o alto custo de pacotes para viagens nacionais, a facilidade para obtenção de documentação de viagem como passaporte e visto e, principalmente, a grande facilidade de pagamento com parcelamentos cada vez mais estendidos", diz.
Segundo a diretora da Sollo, a alta do dólar só afetou na duração das viagens. "Se o cliente pretendia fazer uma viagem de 12 a 15 dias, este mesmo projeto foi reduzido para 7 a 10 dias no máximo. Porém, cancelar a viagem, mesmo com esta alta do dólar, não fez parte do planejamento do nosso cliente".
Sobre os destinos favoritos dos clientes da Sollo, Ane Caroline afirma que os EUA "ganham disparado".
"De uma forma geral, eles querem pacotes para Miami, Orlando, Nova York, Las Vegas entre outros. Para Europa sempre há demanda para Portugal, França e Espanha", afirma. Conforme a diretora, o pagamento a prazo é a forma mais escolhidas por seus clientes. "Quase 100% dos nossos clientes compram no cartão entre 6 a 10 vezes sem juros. Todos alegam o benefício do ganho de milhas a fim de gerar novas viagens".
Câmbio reduzido
Na CVC as oscilações da moeda americana também não chegam a interferir nas vendas de pacotes de viagens ao exterior. Além dos motivos citados pelas outras agências, a CVC atribui o fenômeno ao fato de as viagens ao exterior serem planejadas com antecedência e também ao parcelamento em até dez vezes sem juros, que acaba absorvendo as diferenças.
De acordo com a operadora, os pacotes para o exterior são sempre convertidos para reais no ato da compra e dividido em até 10 parcelas fixas. E o fato de a CVC fazer reservas em grandes volumes junto aos seus fornecedores, ela consegue manter seus preços estáveis e reverter promoções de câmbio reduzido aos consumidores.
Durante as férias de julho de 2013, por exemplo, a operadora ofereceu câmbio reduzido a R$ 1,99 para viagens ao exterior. E o resultado foi imediato: os embarques para as últimas férias de julho cresceram em torno de 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Sobre a preferência dos cearenses neste final de ano e férias de janeiro, o destino internacional mais procurado pelos cearenses na CVC também é Orlando, nos Estados Unidos. Outro destino que desponta na preferência é Buenos Aires.
EUA: brasileiros alugam mais casas
São Paulo. Apesar da alta do dólar, que se valorizou quase 15% neste ano em relação ao real, o brasileiro continua viajando para o exterior, mas de uma forma diferente. Atualmente, existe uma febre de aluguel de casas de temporada em Orlando e Miami, nos Estados Unidos, por brasileiros.
Economia de até 50% nos gastos com estadia em relação a um hotel com acomodações equivalentes e a chance de passar as férias num grupo de amigos e familiares têm levado turistas a viverem algumas semanas como nativos nos EUA.
Muitos dos imóveis alugados foram comprados também por brasileiros durante a crise das hipotecas podres em 2008. Agora os proprietários querem tornar rentável o investimento, com uma receita de aluguel.
"Tivemos um aumento de 26% na procura de aluguel de imóveis nos Estados Unidos de janeiro a outubro deste ano em relação a igual período de 2012", conta Nicholas Spitzman, presidente do AlugueTemporada, site do grupo americano HomeAway. Só em Orlando, na região da Disney, o site tem 7.200 imóveis para locação.
Fatores que ajudam
Spitzman diz que há um boom de aluguel de casas para temporada nos EUA por parte dos brasileiros devido à combinação de três fatores: o avanço da internet, a disponibilidade de imóveis e o interesse pelo turismo. "O movimento ainda é embrionário no Brasil".
Renata Alves, diretora da agência Casa Na Disney, conta que a sua empresa tem hoje 80 imóveis de brasileiros em Orlando para locação. "Todos estão alugados para dezembro e janeiro para brasileiros. Se tivesse mais 20 casas, alugaria tranquilamente", calcula. O preço mínimo de uma casa básica em Orlando com cinco quartos, piscina e capacidade para hospedar dez pessoas, por exemplo, é de US$ 194 ou US$ 19,4 por pessoa. Nas mais luxuosas, a diária é a partir de US$ 289 ou US28,9 por pessoa, diz Renata.
Em 2008, a empresária e seu sócio que tem uma imobiliária nos EUA perceberam uma mudança do perfil do turista brasileiro que estava insatisfeito com os pacotes. Para Alan Araújo, diretor de empreendimentos da One Sotheby´s, imobiliária voltada para a classe A, quem procura a locação de um imóvel fora do País é uma classe mais abastada que quer manter o padrão.
Intenção de viajar cresce, e Nordeste é o mais visado
São Paulo. Os planos de viagem dos brasileiros estão em alta atualmente. Um em cada três pretende viajar e a maioria escolhe destinos nacionais, indica uma pesquisa do Ministério do Turismo. Entre os mais escolhidos, o Nordeste é o principal com 50% da preferência.
Das 2 mil pessoas ouvidas em seis capitais, metade delas disse querer ir para o Nordeste Foto: Bruno Gomes
Em seguida, vêm as cidades do Sudeste (22,5%) e do Sul (18%) do País, de acordo com levantamento do MTur.
Preferências
O estudo divulgado semana passada mostra ainda que 38% das pessoas que viajarão pretendem se hospedar na casa de amigos e parentes. Em comparação com dados de outubro do ano passado, o carro foi o meio de transporte que teve maior crescimento e agora é a escolha e quase 30% dos turistas. A pesquisa, feita com a Fundação Getúlio Vargas, ouviu 2 mil pessoas em seis capitais (Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo).
ÂNGELA CAVALCANTE
REPÓRTER