As inovações tecnológicas e as adaptações do mercado de trabalho já são, certamente, uma das maiores tendências da atualidade, no entanto, para a gestora de programas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Ana Paula Rosa, as desigualdades entre países serão um desafio para alcançar uma economia sustentável.
Em participação no seminário internacional “O Futuro do Trabalho na Década dos Oceanos”, promovido pela Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), a representante da OIT pontuou ainda as principais megatendências mundiais do trabalho: intensificação da inovação tecnológica, transição para uma economia mais verde, dinâmicas demográficas, como migrações e envelhecimento, e globalização dos mercados.
Com a moderação de Miguel Marques, consultor internacional, e Sampaio Filho, diretor de inovação da Fiec, o primeiro painel do evento contou ainda com a participação de Peter Heffernan, CEO do Marine Institute Ireland, Ronaldo Cristofolletti, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e Guilherme Muchale, gerente do Observatório das Indústrias da Fiec.
O Observatório, inclusive, se pauta em pesquisa interdisciplinar para promover desenvolvimento para as indústrias locais.
Além disso, segundo ela, haverá uma maior valorização de competências transversais, capacidade de aprender e de adaptação a mudanças na forma como se trabalha. Acompanhado a isso, com a pandemia, o teletrabalho deve se tornar uma realidade mais comum.
“As previsões apontam que, mesmo com o fim da pandemia, o teletrabalho irá se manter, pelo menos em parte, ou então em modelo misto, as empresas vão aderir novo modelos de trabalho, além de surgimento de novas funções”.
Perfis profissionais
No seminário, também foi apresentado o levantamento “Perfis profissionais para o futuro da indústria cearense – Horizonte de 2035”, realizado pelo Observatório das Indústrias que identificou 23 perfis importantes para alavancar o desenvolvimento da Economia do Mar do Ceará.
- Automação e Inteligência Artificial;
- Bioprospecção e Melhoramento de Recursos Vivos;
- Biossegurança Aplicada às Cadeias Produtivas;
- Comunicação e Letramento em Economia do Mar;
- Desenvolvimento e Inovação de Processos e Produtos do Pescado;
- Desenvolvimento e Inovação para Atividades Offshore;
- Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Construção, Equipagem e Reparação Naval;
- Gestão Sustentável de Resíduos e de Efluentes;
- Sustentabilidade para a Pesca, etc.
“Usamos informação pra fortalecer as conexões, garantir cooperação pra desenvolver nosso estado e nossas indústrias e fazemos isso acompanhando as transformações que existem no mundo, por meio de mapeamentos, pesquisas e indicadores”, destacou Guilherme Muchale.
Ciência de transformação
Para Ronaldo Cristofolletti, que é também membro do Comitê Assessor de Comunicação para a Década do Oceano da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), esta é a década da ciência transformadora, integrativa e interdisciplinar.
A cada 10 anos a Organização das Nações Unidas (ONU) institui uma “década temática” para reunir países na discussão das agendas dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Entre 2021 e 2030, será a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, também conhecida como Década dos Oceanos.
“Esta é a década da ciência. O cenário que a pandemia nos mostra muito claramente é como nossas decisões precisam estar cada vez mais pautadas na ciência. E não a ciência tradicional, mas de saberes ancestrais”.
Por isso, o professor aponta a importância das empresas. “Se temos uma década que envolve educação, ciência e trabalho, precisamos pensar a lógica que a sustentabilidade passa pelas empresas, aliás o setor empresarial é fundamental. Se o futuro da sustentabilidade está nas empresas, o futuro das empresas está nas escolas, nas faculdades”.