Em meio à pandemia pelo coronavírus, o setor do turismo no Ceará perdeu R$ 1,88 bilhão em três meses, de acordo com estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O isolamento social e as barreiras sanitárias decretadas pelo Governo do Estado, bem como o fechamento das fronteiras em diversos países - com o fim de reduzir a propagação da Covid-19 - fizeram com que o setor fosse um dos mais atingidos pela pandemia em todo o país.
Em março, quando foi decretada a pandemia de Covid-19, o setor acumulou, no país, perda de R$ 13,38 bilhões em relação à média mensal de faturamento nos meses anteriores. A paralisia quase completa do turismo nas semanas seguintes agravou esse cenário e fez com que o setor perdesse R$ 36,94 bilhões em abril e R$ 37,47 bilhões em maio, totalizando prejuízos na ordem de R$ 87,79 bilhões em três meses. Com base na queda de receitas do turismo, a CNC estima que 727,8 mil postos de trabalho podem ser eliminados no setor até o fim de junho.
“As ações já adotadas pelo governo federal, na forma de Medidas Provisórias voltadas para a preservação do emprego, permitem reduzir o impacto decorrente da queda expressiva do nível de atividade do setor, mas a extensão das perdas e dos danos no setor causados pela crise histórica que estamos vivendo vai exigir medidas adicionais para a preservação das empresas e dos empregos”, ressalta José Roberto Tadros, presidente da Confederação. Para ele, ainda não é possível prever uma mudança significativa na atual tendência de perdas do segmento.
Voos
Com a retração da demanda a partir de meados de março, as companhias aéreas foram obrigadas a readequar a oferta diária de voos. No Ceará, em 15 de março, quando o primeiro caso de Covid-19 foi diagnosticado, houve o cancelamento de 16% dos voos. A partir daí, com o aumento de casos e o fechamento das atividades econômicas no Estado, o número de cancelamentos de voos aumentou substancialmente, chegando ao ápice no dia 28, quando o 95% dos voos qque tinham como destino o Aeroporto Internacional Pinto Martins, em Fortaleza, foram cancelados.
Considerando-se os 16 maiores aeroportos do Brasil – responsáveis por mais de 80% do fluxo de passageiros - as taxas de cancelamentos de voos nacionais e internacionais saltaram de uma média diária de 4% nos primeiros dias de março para 93% até ao final daquele mês. Nos meses de abril e maio as quantidades de voos previstos sofreram reduções de 80% e 89%, respectivamente.
Alexandre Sampaio, diretor da CNC responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, afirma que, mesmo em outras regiões do mundo que já contam com a flexibilização da quarentena, a percepção de de uma inércia mais acentuada no processo de recuperação do turismo em relação às outras atividades econômicas.
“É necessária a adoção de medidas econômicas mais audaciosas voltadas especificamente para o segmento do turismo, de modo a minimizar os efeitos nocivos da recessão sobre os níveis de emprego e a capacidade de arrecadação tributária por parte do setor”, ressalta.