Contratações sobem 60% nas pequenas empresas

Brasília. As micros e pequenas empresas admitiram 9 milhões de trabalhadores em 2016, 60% mais que os 5,7 milhões contratados pelas grandes e médias empresas no período. Os dados são do levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho.

O maior número de contratações por parte dos pequenos empresários ocorreu na faixa etária de 25 a 39 anos, em que as micros e pequenas empresas empregaram 4,3 milhões de trabalhadores, 59,2% mais que os 2,7 milhões das médias e grandes.

A segunda faixa etária com mais contratações pelos pequenos negócios foi abaixo dos 24 anos. Foram empregados 2,8 milhões de trabalhadores em 2016, 55,5% a mais que o 1,8 milhão contratado pelas médias e grandes no mesmo período.

A análise mostrou, ainda, que tanto as empresas pequenas quanto as grandes dão preferência à contratação de trabalhadores mais jovens. A maioria dos contratados nos dois tipos de empresa tem entre 25 e 39 anos. Nas micros e pequenas empresas, pessoas dessa faixa etária representaram 47,5% dos contratados no ano passado. Nas médias e grandes empresas, corresponderam a 47,4%.

Os trabalhadores acima de 65 anos representaram um percentual muito pequeno dos contratados em 2016: 0,3% nas micros e pequenas empresas e 0,2% nas médias e grandes. Quando compara-se a quantidade de contratados em números absolutos, porém, os pequenos negócios saem à frente. Enquanto médios e grandes empresários contrataram 11.120 pessoas nessa faixa etária em 2016, os pequenos empreendedores contrataram 24.454, 120% a mais.

Automação

O presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, avalia que características específicas das micro e pequenas empresas contribuíram para que elas garantissem mais contratações que as médias e grandes em meio à crise econômica.

"O desemprego na grande empresa não é só conjuntural, é estrutural. As grandes empresas estão eliminando postos de trabalho, usando mais automação. A pequena empresa não tem tanta tecnologia, além de ter grande presença no setor de serviços (intensivo em mão-de-obra)", diz.

Crise econômica

O economista Gilberto Braga, professor da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas Ibmec, no entanto, analisa que a própria crise econômica contribui para a criação de empregos em micros e pequenas empresas, ao empurrar profissionais desempregados para o trabalho por conta própria. "Essas pessoas, que perderam empregos formais, acabam abrindo a própria pequena empresa e, consequentemente, contratando outras pessoas. É um fenômeno comum", destaca.

Afif Domingos atribui a contratação de maior número idosos a um ambiente "mais humano" nas micros e pequenas empresas. Já o economista Gilberto Braga ressalta que o jovem custa mais barato para a pequena empresa, que tem um caixa mais modesto. No caso dos idosos, o professor do Ibmec aponta que há vantagens na contratação de funcionários mais velhos. "Dependendo do idoso, ele tem experiência. O empresário não tem custo de transporte, pois há gratuidade", exemplifica.

O levantamento do Sebrae apontou que o setor de serviços foi destaque nas contratações das micros e pequenas empresas em 2016, com admissão de 3,2 milhões de trabalhadores. O segundo setor com maior número de contratações foi o comércio, com 2,8 milhões.