Conheça a empreendedora que começou como sacoleira e hoje é mentora de lojistas

A designer de moda Mornny Ferreira criou um método para ajudar lojistas a faturarem R$50 mil por mês

Para empreender é preciso ter coragem de assumir riscos e saber que vai errar muito até conquistar o desejado sucesso. A jornada da empreendedora Mornny Ferreira, proprietária da Loja Rouparia (@roupariacj), mostra que saber caminhar com as incertezas e se reinventar nas crises é fundamental para seguir vivendo do negócio.

Essa lição ela aprendeu nos últimos 15 anos, desde que decidiu ser vendedora de roupas femininas e, hoje, ela compartilha o que sabe com outros milhares de comerciantes, por meio do curso Loja Lucrativa e das mentorias especializadas em ajudar lojistas a aumentarem o faturamento das vendas e atingirem o sucesso com suas lojas. 

Mas chegar nesse estágio nunca foi o plano original da empreendedora. Como a maioria das empreendedoras brasileiras que empreendem por necessidade (54,3%, segundo pesquisa do Sebrae), Mornny precisava “fazer dinheiro” e vender roupas era o caminho mais rápido.

Ela comprava roupas na feira da Rua José Avelino para vender na faculdade e pela antiga rede social Orkut. Com as vendas, ela conseguia pagar o curso de Design de Moda e se manter em Fortaleza, quando a família precisou se mudar para o Rio Grande do Norte.

Vender nunca foi um problema para a empreendedora. Ao contrário, era uma paixão que já se manifestava na infância, quando a pequena Mornny brincava de ser dona de loja. “Eu não queria brincar com brinquedo nenhum, minha mãe que sempre me incentivou conta isso com orgulho” recorda sorrindo. Observar a avó vender produtos como camelô também era algo que divertia a criança, futura empreendedora. “Ainda criança eu era apaixonada por comércio", conta.

Iniciando a produção de roupas

Na faculdade, Mornny fez algumas parcerias com colegas e começou a fabricar roupas para vendê-las em um box no centro de Fortaleza. As peças tiveram boa aceitação e deram um bom retorno financeiro. A produção também foi escoada na feira da rua José Avelino. Por 1 ano, Mornny ia para feira de 0h às 7h, às quartas e sábados.

“Teve um dia que eu estava de madrugada, sentada em cima de um saco de roupa, quando chegou uma senhora e começou a comprar. No fim, ela disse: ‘menina, você está se perdendo, o que está fazendo aqui?  Aqui não é o seu lugar!’ E no fundo eu sentia que uma hora as coisas seriam diferentes”.

Nesta época, a empreendedora percebeu que o seu produto tinha boa aceitação, inclusive por parte de lojistas do bairro Aldeota, que compravam as peças dela para revender em boutiques. Se o produto dela estava indo para a região nobre da cidade, ela também poderia ir.

Esta oportunidade chegou em 2016, quando Mornny havia parado a venda de roupas para ajudar o negócio do esposo, que é o maior incentivador dela durante todos esses anos. As antigas donas da marca Rouparia iriam vender o negócio e pensaram que a pessoa mais indicada para seguir a história da loja seria Mornny. A relação que elas tinham como clientes da designer de moda deu-lhe a prioridade na negociação. Daí começa um novo capítulo da menina que brincava de ter loja finalmente ter a própria boutique.

O desafio de crescer

''Quando aceitou ser dona da Rouparia, Mornny tinha pela frente o trabalho de manter as clientes e conquistar novas consumidoras. A loja ficava dentro de um salão de beleza, um modelo de negócio que estava em alta naquele período. Aos poucos, ela foi modificando o perfil da loja e colocando a própria identidade. Mornny teve a oportunidade de conhecer melhor o público, criar uma conexão e aprender novas habilidades. “Ali foi uma grande escola”.

O que a experiência também ensinou foi que não saber administrar as finanças do negócio pode ser fatal. “Eu tinha um forte pra vendas, mas não sabia administrar dinheiro”, reconhece Mornny, que se viu endividada e com risco de perder a loja.

“Quando a gente está endividado, tem que parar, recalcular e negociar. Ninguém consegue seguir se não for assim. Foi importante reconhecer que eu estava errada e ser honesta com meus credores”, reflete.

Aprender a se expor nas redes sociais foi outra habilidade que Mornny teve que desenvolver. Até porque, ali, ela passou a conquistar outros públicos e usar a própria imagem para vender o produto. Ao invés de colocar modelos para apresentar a roupa, ela mesma passou a se vestir com os looks da marca e gerar identificação com as clientes. “Sempre tive um perfil de mulher diferente. Sou baixinha, gordinha, um sotaque de cearense, e as pessoas se identificavam comigo.”

Enquanto isso, surgiu a oportunidade de mudar a loja de endereço, para um espaço maior e recomeçar a estratégia do negócio para não mais cair de novo no endividamento. Foi necessário ir buscar conhecimento, estudar e repensar o produto.

“Foi a hora que comecei a pensar na possibilidade de viajar para São Paulo pra trazer um produto mais atrativo”. Com o olhar de quem conhece a própria cliente, ela acertou nas escolhas e teve muito sucesso nas vendas. “Eu fazia a venda antecipada durante a viagem. Mostrava nas redes sociais o que estava comprando e já vendia antes de chegar em Fortaleza”, revela.

As vendas foram melhorando e o negócio deu uma guinada. Associando a mudança de produto com as estratégias de venda on-line, ela chegou no terceiro mês batendo a meta de vendas na primeira quinzena. Até que veio a pandemia e tudo mudou para os donos de negócio.

Continuar empreendendo na pandemia

O cenário era de incertezas para todo mundo. Não se sabia quando as coisas voltariam ao normal. Mornny passou a falar nas redes sociais das dificuldades de se manter com o negócio fechado e isso gerou muita empatia dos seguidores. Decidiu fazer um bazar das peças que tinha no estoque e vendeu tudo. “No primeiro mês, dentro de casa na pandemia, vendi todo o estoque que tinha, trabalhando sozinha e entregando do jeito que podia. O negócio começou a acontecer em casa”, lembra.

Além da identificação, as pessoas queriam apoiar comprando. “Durante a pandemia, a minha loja cresceu 12 vezes em faturamento. Quando voltamos, as pessoas faziam fila do lado de fora da loja que ainda era em uma salão de beleza, porque cresceu o negócio e cresceu o público”, conta.

Indo na contramão da maioria das lojas físicas que estavam fechando na zona nobre da cidade, Mornny foi aquela empreendedora que apostou alto no próprio negócio e decidiu ir para um espaço maior para acomodar melhor as consumidoras. Encontrou livre o ponto onde hoje está situada a loja, na Avenida Dom Luís, 824, e precisou convencer os donos do local de que ela conseguiria honrar o alto custo da nova sede da Rouparia. “Vou trabalhar muito pra fazer essa loja acontecer”, dizia convicta.

A loja foi alugada em novembro de 2020 e foi inaugurada em março de 2021, justamente quando foi decretado um novo lockdown. No dia da inauguração, ela fez uma live e mostrou a loja toda reformada, pronta para receber as clientes. “Comecei a vender na live. Vim para cá todos os dias de lockdown. Contratei mais pessoas e a gente passava o dia inteiro vendendo on-line. Em uma live, a gente vendia muito. Fora o que vendia depois, com a live salva”.

Depois do lockdown, a empreendedora percebeu que as clientes ainda preferiam o modelo de venda on-line ao invés de ir até a loja. A estratégia para trazer a consumidora para o espaço foi promover coquetéis de lançamento de coleção.

“É importante pensar que todo negócio tem várias fases. Se eu continuar fazendo hoje o que deu certo ano passado, eu vou fracassar, porque tudo muda toda hora. A gente tem sempre que estar se renovando e mudando a estratégia”, reflete.

Ensinando empreendedores

Os resultados impressionantes das vendas durante a pandemia eram compartilhados por Mornny nas redes sociais. Inclusive informações de faturamento ela compartilhava, gerando curiosidade e muitos pedidos de ajuda por parte de outros empreendedores.  “Criei uma rede de empreendedores perto de mim. Era a menina que vendia biju, outra da papelaria, dos calçados. Elas pediam ajuda e eu ajudava”.

Foi então que viu uma oportunidade de rentabilizar os seus conhecimentos. “Informei que abriria uma turma de mentoria e fiz uma enquete perguntando quem se inscreveria. Várias pessoas confirmaram, fiquei sem acreditar”.

“Tinha três tipos de mentoria: para iniciantes que tinham o sonho no papel e queriam faturar até R$10 mil; outra para quem faturava mais de R$20 mil e outra para quem faturava mais de R$50 mil”.

Ela criou um método que funciona para qualquer tipo de negócio, ensinando o empreendedor a vender e a ter controle financeiro da empresa. Após a turma de mentoria, os alunos tinham interesse em mentoria individual e foi mais um caminho rentável para a empreendedora. No total, ela acumula cerca de 700 alunos ao redor do país. 

Em 2022, Mornny dividia o tempo com a loja e as mentorias. Até que foi surpreendida por uma gravidez e tudo mudou. “Nesse momento, eu vi que não conseguiria ter tempo de qualidade com a minha filha se eu continuasse trabalhando no ritmo insano que tinha entre loja e mentorias. Eu comecei a estudar sobre cursos on-line”.

Em janeiro desse ano, ela lançou o curso on-line Loja Lucrativa, em que ensina comerciantes os 3 pilares para uma loja lucrar. “O Loja Lucrativa ensina o lojista como fazer para vender até R$50 mil por mês”. O infoproduto foi um sucesso. “A meta de vendas para o novo produto foi batida em 15 minutos de live. Eu não acreditava. Eu tinha uma audiência louca por esse produto”, comemora Mornny.

Com alunos de todo o Ceará, de outros estados e até fora do país, Mornny segue expandindo seu alcance como mentora de empreendedores e mostrando que é possível viver do negócio. “Tudo que funcionou e o que não funcionou eu estou compartilhando para que seja possível outras pessoas alcançarem seus objetivos. A minha história com a Rouparia é o meu case de sucesso. Eu consigo realizar meus sonhos, os da minha família, e consigo, através dela, realizar o de outras pessoas”, arremata Mornny Ferreira.

Serviço:
Rouparia
Av. Dom Luís, 824 – Aldeota. Fortaleza-Ce
Instagram: https://www.instagram.com/roupariacj/