Diante da elevação dos preços dos streamings e da retomada das atividades presenciais após o abrandamento da pandemia de Covid-19, usuários têm considerado o cancelamento das assinaturas.
É o que revela uma pesquisa do portal iDinheiro sobre plataforma de streaming divulgado em agosto: de acordo com o levantamento, 72% dos entrevistados pretendem cancelar algum desses serviços nos próximos meses. Além disso, 38% já cancelaram streaming no último semestre, sendo os preços o principal motivador (43%).
Além disso, a não utilização do serviço (20%) também contribuiu para que os gastos com streamings fossem eliminados do orçamento, bem como a falta de interesse pelo conteúdo (19%). O levantamento foi feito com 1.058 usuários.
Esses resultados condizem com a realidade da estudante Ana Vieira. Ela, que atualmente gasta R$ 120,60 por mês com as assinaturas da Netflix, Spotify, Prime Video e combo Star+ e Disney+, confessa que tem pensado em cancelar as assinaturas mais caras.
"Tenho pensado em cancelar as assinaturas mais caras, que é a da Netflix e o combo. Outros gastos básicos estão subindo muito de preço e as assinaturas de streaming estão ficando sem espaço no meu orçamento, infelizmente", pontua Ana.
Outra opção que ela considera para não ficar sem nenhuma assinatura, já que ela "gosta muito dos conteúdos, que correspondem a boa parte do lazer" é dividir o pagamento com alguém.
"Ainda não encontrei ninguém, então talvez tenha de cancelar algum desses nos próximos dias", diz Ana. A ideia é reduzir a despesa com streamings de R$ 120,60 para R$ 50.
Confira os preços iniciais mensais dos principais streamings
- Amazon Prime Video: R$ 9,92 (pagando o plano anual de R$ 119)
- Disney+: R$ 27,90
- Globo Play: R$ 14,90
- HBO Max: R$ 19,90 (plano para assistir em smartphones e tablets)
- Netflix: R$ 25,90
- Paramount+: R$ 19,90
Compartilhamento de assinatura
O compartilhamento de streaming foi a opção encontrada pelo digitador Iure Castro para ter acesso aos conteúdos gastando menos. Hoje, ele tem acesso a cinco streamings e gasta só 10% do valor que Ana direciona aos serviços.
No caso dele, funciona da seguinte forma: uma pessoa é a responsável pelas assinaturas e compartilha a senha com ele, mas, em contrapartida, Iure paga R$ 12 para o dono da conta.
Ele confessa que nem sempre tem tempo para utilizar o serviço, mas ainda assim avalia que compensa manter. "O plano básico com uma tela da Netflix custa atualmente R$ 25,90 por mês e hoje eu pago por mês cerca de R$ 12 pelo compartilhamento. Vejo que é mais econômico pra mim".
O desenvolvedor Thiago Vale de Freitas tem acesso a seis plataformas de streaming, mas a sua despesa com esse tipo de lazer não ultrapassa R$ 90. Isso porque alguns dos serviços são compartilhados com os amigos e com a família.
A variedade se justifica pelos gostos por diferentes filmes e séries ofertados pelos streamings. "Na Disney+, gosto dos filmes em geral, da Marvel e de Star Wars. No Star+ eu vejo os jogos de basquete. Na Netflix eu vejo algumas séries e acompanho os lançamentos e por aí vai".
Se não fosse a possibilidade de compartilhar o serviço com outras pessoas, ele conta que provavelmente já teria reduzido o número de streamings aos quais tem acesso. "O Globoplay, por exemplo, é da minha mãe. O Disney+ um amigo compartilha comigo. Aí fica mais fácil".
Compartilhar a senha é crime?
Apesar de alguns serviços de streaming indicarem que as assinaturas são válidas para uma família compartilhando o mesmo endereço, não há ilegalidade e muito menos crime na prática de compartilhar as senhas de acesso. Há, inclusive, plataformas que estimulam o compartilhamento, caso do HBO Max.
No caso da Netflix, um caso levado `justiça dos EUA em 2016 fez a empresa se posicionar afirmando que, desde que os acessos não fossem comercializados, os assinantes poderiam usar suas senhas como preferissem.
Gasto médio com streamings
Ainda de acordo com a pesquisa do iDinheiro, o brasileiro gasta R$ 63,70 para ter acesso aos planos básicos dos três principais serviços disponíveis no mercado: Netflix, Amazon Prime Video e Globoplay. O valor indica um aumento de 16%, já que antes do reajuste recente, os serviços juntos custavam R$ 54,70.
O economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), Ricardo Coimbra, avalia que a busca por esses serviços teve um crescimento expressivo durante a pandemia, mas que agora é possível observar o movimento inverso.
"Enquanto há um retorno gradual das atividades, a utilização desse serviço vai caindo de forma significativa. Ainda há o uso, mas a frequência vem diminuindo", diz Coimbra.
A conjunção desses fatores somados à redução do poder de compra e endividamento da população resulta em uma reflexão por parte dos usuários sobre a necessidade de ter as assinaturas. "Muitas pessoas estão reavaliando e escolhendo apenas algumas dessas plataformas para não comprometer de forma significativa a renda".
Para que essa despesa não afunde o orçamento, ele orienta que o usuário analise efetivamente qual desses streamings estão sendo de fato utilizados.