Cidade cearense está entre as maiores produtoras de ovos de codorna do Brasil; veja ranking

Coturnicultura, como é conhecida a produção das aves, tem como destaque no Ceará a produção de ovos

A cidade de Cascavel, na Região Metropolitana de Fortaleza, é uma das maiores produtoras de ovos de codorna do Brasil. É o que indicam os dados da Pesquisa da Pecuária Municipal de 2023, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O município cearense é responsável por 77,5% de toda a produção do alimento no Estado.

No ano passado, a cidade foi responsável por gerar 11.964 mil dúzias (o equivalente a 143,5 milhões de unidades), sendo o quarto município do País que mais produziu ovos de codorna. Santa Maria de Jetibá (ES), Carpina (PE) e Perdões (MG) aparecem numericamente à frente de Cascavel.

Quando são considerados os estados, o Ceará aparece na sexta posição entre os maiores produtores de ovos de codorna nacionais. Com exceção do Amapá, todas as unidades federativas praticam a coturnicultura, como é chamada a criação de codornas.

Na consolidação dos dados do Brasil, o País continua ultrapassando a casa do bilhão na produção de ovos de codorna. Foram mais de 3 bilhões de unidades geradas em 2023 no território nacional.

Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Ceará (Faec), Amílcar Silveira, a importância do desenvolvimento de culturas de aves, como a codorna, leva o Estado a buscar ampliar o segmento, com estudos indicando um novo polo de avicultura na região do Sertão Central.

"Qualquer produção do agronegócio é importante para nós. É o setor primário. A gente acha louvável esse destaque, inclusive com a importância da produção de codornas. O Ceará está crescendo, temos o segundo maior produtor de ovos do Nordeste, e estamos tentando inclusive fazer um novo polo de avicultura no Sertão Central", observa.

Diferença em relação às aves do dia a dia

Ao contrário da produção de galinhas de granja e caipira, cujos ovos são consumidos diariamente pela população, o segmento de "ovinhos de codorna", como são chamados em virtude do tamanho, tem um nicho de mercado diferente no Ceará.

Quem explica é Valderi Pacheco, criador de codornas e galinhas caipiras da Verdes Campos, empresa com sede em Aquiraz, na Grande Fortaleza, que atua desde 1999 vendendo ovos de codornas para grandes processadoras, como Regina e Tijuca, no Ceará.

"O ovo de codorna é um nicho de mercado que está mais ligado a festas, reuniões, self-service. Não é um alimento primeiro como o ovo de galinha, que diariamente é consumido pela população. Hoje a produção ainda é pequena, se a gente for falar de ovos de galinha de postura comerciais", comenta.

Os rebanhos de codornas existentes no Brasil, como aponta Valderi Pacheco, são muito mais voltados para as aves poedeiras, destinadas quase que exclusivamente a produzir ovos. Ele ainda diferencia os dois tipos de animais comumente existentes no País.

  • Codornas europeias: voltada para o abate. Carne considerada nobre, comercializada a preços mais altos que aves como frangos. Em média, rendem de 250 gramas a 300 gramas por animal;
  • Codornas japonesas: voltada para à produção de ovos. Tem ciclo de vida de cerca de um ano (55 semanas) e cinco semanas de cria e recria de animais. São menores do que as europeias e mais difundidas nos rebanhos do País.

Festas marcam produção de codorna

Ele pontua que é a mesma situação do frango, como são chamadas as aves de abate, consumidas no dia a dia, e das galinhas, que geralmente põem ovos. Ao contrário desses animais, a codorna tem situação mais específica.

É um mercado que não é tão grande. Primeiro semestre, após o Carnaval, temos uma redução grande das visitas de turistas. Fica mais o consumidor local. As festas de final de ano são onde se tem o maior consumo, a partir de novembro começam confraternizações. Na semana do Natal para o Ano Novo, se tiver cinco vezes a produção habitual, vende-se. Agora, no resto do ano, não cabe tanto para estar distribuindo no dia a dia.
Valderi Pacheco
empresário

"A gente trabalha com um produto de tempo curto. Se tiver o cronograma de alojamento bem estabilizado, tem momentos que a produção está muito baixa, muito alta, a depender da sazonalidade das festas", completa.

Por se tratar de um mercado "muito nobre, que não tem um hábito de consumo", Valderi Pacheco relembra que já tentou produzir codornas de abate, mas não obteve o sucesso esperado.

"Já criei 3, 4 mil de uma tentativa só, mas não tive muito êxito. Quando não tem, todo mundo quer, e quando a gente tem, ninguém quer. O investimento não é dos maiores, mas vai se abater e gastar muito tempo de resfriamento. Quando abati 3 mil aves, passei sete meses para vender, e foi ainda baixando o preço. O custo de armazenamento, energia e manejo saiu mais caro que o valor de venda", diz.

Com um mercado nacional consolidado em produção de ovos de codorna, a atual produção dessas aves para o abate tem como destino o exterior. Santa Catarina, que tem na empresa Good Alimentos a maior produtora do animal no País, é ainda a que mais exporta o alimento. Estimativas da companhia apontam que metade é consumida em território brasileiro e a outra parte é vendida para demais nações.

Em 2023, conforme o Ministério da Agricultura, o Brasil comercializou aproximadamente R$ 10 bilhões em codornas com o Egito. O país africano-asiático deve receber ainda material genético das aves para iniciar a própria produção.