China deve ser a líder global em cinco anos

Mesmo com a desaceleração da economia chinesa, o Banco Mundial e o FMI mostram-se otimistas

Mesmo diante de um quadro de desaceleração, iniciado a partir de 2012, quando o país cresceu "apenas" 7,8% sobre o ano anterior, a China ainda possui atualmente uma das economias que mais avançam no mundo. A média de crescimento econômico chinês, na última década, foi de quase 9%. Taxa superior, inclusive, à das maiores potências mundiais. O seu Produto Interno Bruto (PIB) atingiu, naquele ano, US$ 8,28 trilhões, o que a colocou na posição de segunda maior economia global, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Seu peso chega, assim, a cerca de 15% de toda a economia do Planeta.

Mas as perspectivas positivas não param por aí. Apesar de redução nas projeções de crescimento econômico neste ano, ainda assim as estimativas do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI), divulgadas no fim de maio último, apontam que em cinco anos a China deverá superar o país de Obama, tornando-se, em 2019, a maior economia do mundo, quando seu PIB alcançará US$ 22,4 trilhões pela paridade do poder de compra - US$ 300 bilhões superior ao norte-americano.

Liderança

Cálculo da agência de notação Moody's, entretanto, também anunciado em maio passado, e que usa os mesmos critérios, é bem mais otimista, apontando que a liderança chinesa deverá ocorrer em prazo ainda mais curto, já até o fim de 2014. Para que isso acontecesse, nos últimos 30 anos, principalmente a partir dos anos 1990, a China migrou de um sistema de planejamento centralizado e, em grande parte, fechado ao comércio internacional, para uma economia mais orientada ao mercado, com um setor privado em acelerado crescimento, sistema por ela denominado de "economia de mercado socialista".

Tanto que hoje, o país é um importante parceiro comercial para muitas nações, inclusive dos demais integrantes do Brics. Ao mesmo tempo, é um dos maiores importadores mundiais de matéria-prima. Tornou-se membro da Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001, e participa do bloco econômico Apec (Asian Pacific Economic Cooperation), junto com o Japão, a Austrália, Rússia, Estados Unidos, Canadá, Chile e dentre outros países.

Destaques

Maior produtor mundial de alimentos - 500 milhões de suínos e 450 milhões de toneladas de grãos -, detém a produção global de milho e arroz; possui uma agricultura altamente mecanizada, elevou os investimentos na área de educação, principalmente técnica; assim como incrementou a aplicação de recursos financeiros em infraestrutura, com a construção de rodovias, ferrovias, aeroportos e prédios públicos. Além do que, investiu fortemente nas áreas de mineração, principalmente de minério de ferro, carvão mineral e petróleo.

Abertura econômica

Com a abertura da economia para a entrada do capital internacional, muitas empresas multinacionais se instalaram em território chinês e continuam instalando filiais neste país, buscando baixos custos de produção, mão-de-obra abundante e mercado consumidor amplo.

Tais condições tornaram-se possíveis dado o controle governamental sobre os salários e regras trabalhistas. Com estas medidas as empresas chinesas têm um custo reduzido com mão-de-obra, fazendo dos produtos chineses os mais baratos do mundo. Este fator explica, em parte, os altos índices de exportação registrado pelo país. (ADJ)

O que desafia o crescimento chinês

A desaceleração no ritmo de crescimento da economia da China, na avaliação do professor Carlo Patti, pesquisador do Brics Policy Center, poderá trazer turbulências tanto internas como externas. "As falhas do estado chinês começam a aparecer", afirma. Ameaçada por protestos cada vez mais frequentes, especialistas apontam que o país não quer ver repetida a tragédia da Praça da Paz Celestial, de 1989. Tampouco quer a experiência da Primavera Árabe reproduzida em Pequim.

Atender à demanda da nova classe média por melhor saúde e de educação e pela criação da previdência pública tornou-se outra peça essencial entre os atuais desafios governamentais. Até porque o país quer se tornar líder mundial de inovação até o ano de 2035. E, para atingir tais metas, um pacote de reformas com 60 tópicos foi anunciado em novembro de 2013, quase ao mesmo tempo em que o governo lançou uma campanha de combate à corrupção.

De acordo com seus líderes, a China precisa dar um salto para a produção de alta tecnologia. Terá de deixar os setores intensivos em mão de obra e ajustar a sua produção aos salários que começam a aumentar. Mais complicado, no entanto, será abrir o setor financeiro e a conta de capitais e flexibilizar a política de câmbio desvalorizado.

No âmbito externo, chama a atenção Patti, o menor ritmo de crescimento repercuti em escala mundial e não deixa de fora os demais integrantes do Brics, seus grandes parceiros comerciais. O fato é que, conforme os analistas de mercado, o mundo já se ajusta à decisão da China de desacelerar seu crescimento. Taxas superiores a 10% ao ano não se repetirão enquanto Pequim estiver empenhada em deslocar o eixo da expansão da economia do binômio investimento-exportação para o consumo.

Neste ano, o país crescerá 7,5%. A taxa deverá cair até 2019 para 6,5%, quando mesmo com o crescimento contido, a China deverá superar os Estados Unidos como maior economia do mundo. Ao mesmo tempo, "ela enfrenta tensões com seus vizinhos, e, em paralelo, com os Estados Unidos, mais um desafio a superar", diz Patti. (ADJ)

Poluição e inflação pesam

Entretanto, apesar de a economia chinesa ser a segunda maior do mundo na atualidade, ficando atrás apenas dos EUA, e avanços terem sido registrados após as reformas adotadas e sua abertura ao exterior, o país segue enfrentando dificuldades como a má distribuição de renda e níveis elevados de poluição. Em relação à renda, seu Produto Interno Bruto (PIB) per capita ainda é equivalente ao de um país em desenvolvimento, inclusive se comparado ao do Brasil. Estudiosos apontam também que grande parte da população ainda vive em situação de pobreza, principalmente nas áreas rurais.

Embora 16,5 milhões de chineses tenham deixado de viver abaixo da linha de pobreza em 2013, quase 82,5milhões de pessoas permanecem nessa situação, conforme anunciou no início deste ano o Gabinete Nacional de Estatísticas da China. No conjunto, os habitantes que vivem com menos de 2.300 yuan (280 euros) por ano correspondem agora a 6% da população.

Já o rendimento anual disponível per capita entre a população urbana (53,73% do país) cresceu 7% no ano passado em relação a 2012, para 26.955 yuan (3.200 euros), indicou a mesma fonte. Nas zonas rurais, a subida foi maior (9,3%), mas o rendimento continua muito aquém do que se ganha nas áreas urbanas: apenas 8.896 yuan (1.060 euros).

No entanto, apesar desses avanços, a China continua a assumir-se como país em desenvolvimento, com um PIB per capita de cerca de US$ 6 mil, pouco mais do que a metade do alcançado pelo Brasil (US$ 11,34 mil). Outro agravante para esse quadro, expõem os especialistas, são os baixos salários. (ADJ)

The world's engine

China should be  the global leader  in five years 

Even before a slowdown that began in 2012, when the country grew "only" 7.8% over the previous year, China still has one of the economies that advances the most in the world. Average Chinese economic growth in the last decade was almost 9%, even higher than the greatest world powers. Gross Domestic Product (GDP) that year was US $ 8.28 trillion, which placed it in the position as the second largest global economy behind the United States. This accounts for approximately 15% of the world economy.

But the positive outlooks do not stop there. Despite the reduction in economic growth projections this year, the estimates of the World Bank and the International Monetary Fund (IMF), released at the end of last May, indicate that in five years China will surpass Obama's country, making it in 2019, the world's largest economy. GDP will reach US $ 22.4 trillion in purchasing power parity, US $ 300 billion higher than America. Meanwhile, the Moody's credit rating agency calculation, also announced in May using the same criteria, is even more optimistic. It points out that the Chinese economy's movement to the leadership position should occur in even a shorter term, as soon as the end of 2014.

For this to happen, the past 30 years, mainly from the 1990s, China has transformed from a centralized planning system and mostly closed to international trade to a more market-oriented economy, with a rapidly growing private sector, a system which it calls a "socialist market economy."

Today, the country is an important trading partner for many nations, including the other members of BRICS. At the same time, it is one of the world's largest importers of raw materials.

China is the largest global food producer. It has a highly mechanized agricultural system and also has increased investment in education. Furthermore, the country has heavily invested in mining; particularly iron ore, coal and oil.

With the economy's opening to the entry of international capital, many multinational companies have settled into the Chinese territory and continue opening local offices and subsidiaries in this country. They are seeking lower production costs, an abundant workforce and a broad consumer market.

What challenges China's growth?

The slowdown in the growth of China's economy, according to Carlo Patti, researcher at the BRICS Policy Center, will bring both internal and external turbulence. He says, "The faults of the Chinese state begin to appear." Threatened by increasingly frequent protests, experts point out that the country does not want to repeat the tragedy of Tiananmen Square, 1989, nor does it want to experience an Arab Spring played out in Beijing.

The demand of the new middle class for better health and education, as well as a public social security system, is another part of the challenges the government faces. This is mainly due to the fact the country wants to become the world leader in innovation by 2035.

To achieve these goals, a reform package with 60 topics was announced in November 2013; almost at the same time the government launched a campaign to combat corruption.

According to its leaders, China needs to leap forward in the production of high technology. It will have to exit out of labor intensive sectors and adjust production and salaries which have begun to rise.

The burden of pollution and inflation

Despite China's economy being the second largest in the world today, behind only the U.S., and the advances that were recorded after reforms were adopted and opening up to the outside world, the country is experiencing difficulties such as poor distribution of income and high levels of pollution. Concerning income, GDP per capita is still equivalent to that of a developing country, even when compared to Brazil. Scholars also point out that much of the population still lives in poverty, especially in rural areas. Though 16.5 million Chinese have stopped living below the poverty line in 2013, nearly 82.5 million people remain in this situation, as announced earlier this year by the National Bureau of Statistics of China. The people who live on less than 2,300 yuan a year now accounts for 6% of the population.

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