O Ceará fechou mais um ano com o saldo da balança comercial em negativo. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do novo Ministério da Economia, em 2018, o Estado acumulou US$ 2,33 bilhões em produtos exportados e US$ 2,53 em importações, gerando um déficit de US$ 205,05 milhões. Contudo, segundo especialistas consultados pela reportagem, a configuração do comércio exterior local mudou nos últimos anos e poderá alterar o perfil da balança comercial do Estado em um futuro próximo.
Segundo o economista e consultor internacional Alcântara Macedo, com a implantação de projetos de logística recentes - citando a parceria entre os portos do Pecém e de Roterdã - e o desempenho da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), a perspectiva é que o Estado continue avançando na mudança de perfil.
Desde 2007, o melhor saldo da balança comercial estadual foi registrado em 2017, com um déficit de US$ 138,69 milhões, alcançados depois de cinco anos com o índice fechando acima do patamar de US$ 1 bilhão. Macedo explica que a evolução foi causada justamente pelos produtos gerados pela CSP e a melhoria nas condições de logística geradas pelo Governo do Estado.
Entre elas, está a implantação do hub aeroportuário, que possibilitou agilizar os processos de transporte de produtos perecíveis e de moda, como frutas e verduras e calçados, por exemplo. "O Ceará tende a ter um superávit comercial e, na medida que os anos forem passando, isso deve melhorar", afirmou.
Perfil
A presença da CSP é tão relevante que, em 2018, os produtos semifaturados de ferro e aço, como as placas de aço, representaram quase dois terços (58%) de todos os produtos exportados pelo Ceará.
Contudo, para a gerente do Centro Internacional de Negócios, Ana Karina Frota, o Estado ainda tem um caminho longo a percorrer caso deseje, de fato, reverter o saldo da balança comercial.
De acordo com ela, o resultado de 2018 é extremamente positivo. Além dos produtos de aço e ferro, Frota destacou as exportações de produtos que antes não tinham tanto destaque, como os equipamentos ligados a energias renováveis. "Nós tivemos altas consideráveis na venda de produtos ligados a energias renováveis para os Estados Unidos e batemos recordes na venda de frutas e calçados".
Mas para apresentar um saldo positivo, o Estado ainda precisa dar mais competitividade às empresas e produtos locais, segundo Frota. Precisa haver um salto tecnológico e na capacidade de importação de insumos para que, segundo ela, o Ceará possa conseguir números ainda melhores.
"O nosso parque industrial precisa avançar tecnologicamente, mas só conseguiremos fazer isso quando pudermos importar insumos e maquinários para desenvolver e tornar o nosso mercado mais competitivo", defendeu.