Com 17 memorandos de entendimento já assinados para o hub de hidrogênio verde (H2V), o Ceará deve fechar parceria de investimento privado com mais oito empresas até o fim de maio. Ainda nesta sexta-feira (29), quatro documentos devem ser assinados pela governadora Izolda Cela.
A informação foi divulgada pelo analista Constantino Frate que integra o Grupo de Trabalho do hub durante participação no Intersolar Summit Brasil Nordeste 2022. O evento aconteceu nesta semana na Capital cearense.
“O Ceará está assumindo o protagonismo da produção de hidrogênio verde no mundo, em uma oportunidade e um momento de atração de investimentos, em que teremos um potencial para produção de 8 GW de eletrólise”, destaca.
O Summit tem caráter regional, com destaque para o estado do Ceará, e antecipa os temas nacionais que serão ampliados na Conferência Intersolar South America 2022. Durante os dois dias de evento, foram abordadas as principais tendências e o panorama da produção de energia solar fotovoltaica no estado e no Nordeste.
Alternativa de economia
Palestrante do tema “A Fonte Solar Fotovoltaica no Ceará”, o presidente da Câmara Setorial de Energias da Adece (Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará), Joaquim Rolim, abordou sobre o panorama do setor no estado, as oportunidades e desafios.
Rolim destacou ainda a necessidade de investimentos em energias renováveis além de apontar como uma alternativa para o consumidor frente aos altos custos com energia elétrica, especialmente após o reajuste médio de quase 25% da Enel Ceará.
É muito preocupante para o consumidor. Para o setor produtivo, por exemplo, fica difícil de encontrar formas de como absorver esse novo custo, que foi muito acima do esperado. As alternativas que a gente visualiza são a geração própria de energia, que tem um retorno entre quatro a cinco anos, além do mercado livre para aqueles que consomem mais energia”.
O coordenador de Atração de Empreendimentos Industriais Estruturantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Ceará (Sedet), Sérgio Araújo, ressaltou as características que fazem o estado se destacar no setor.
“Temos muito potencial solar e eólico. A ambiência de negócios também está pronta, o que atrai investimentos. Temos uma infraestrutura muito forte”.
De acordo com Araújo, o hub de H2V deve impulsionar esse mercado. O coordenador revelou ainda que, na semana passada, a Sedet fez uma reunião com uma empresa para produzir a água que será utilizada na produção do hidrogênio verde por meio do reúso.
Veja as empresas que já assinaram memorando de entendimento com o Governo do Estado:
- Enegix Energy
- White Martins
- Qair
- Fortescue
- Eneva
- Diferencial
- Hytron
- H2helium
- Neoenergia
- Engie
- Transhydrogen Alliance
- Linde
- Total Eren
- AES Brasil
- Cactus Energia Verde
- Casa dos Ventos
- H2 Green Power
Marco Legal
O presidente executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, apontou a importância da sanção da Lei 14.300 de 2022 para garantir a segurança jurídica de quem atua com a geração distribuída.
"A Lei veio no momento em que o setor precisava resolver um impasse regulatório por conta de uma tentativa da Aneel de realizar uma cobrança sobre a energia solar e outras fontes renováveis de geração distribuída de quase 60%. Se aquilo tivesse acontecido, seria um desastre para o avanço da energia solar e para outras fontes renováveis que os próprios consumidores investiriam", pontua.
Sauaia explica ainda que o marco legal também inova, legislando acerca de novas formas de modelos de negócios e novas tecnologias relacionadas às energias renováveis. Para ele, o investimento na produção é uma forma de economia para o consumidor.
Quanto mais energia os consumidores gerarem por conta própria, mais condição eles vão ter de se proteger contra esses reajustes e ainda das bandeiras tarifárias, e vão poder ter segurança e autonomia energética”.