Assim como seus pares no grupo de emergentes, o Brasil enfrenta, atualmente, muitos desafios. O principal deles é conjugar o crescimento econômico com o controle da inflação. É para o que chama a atenção o economista Henrique Marinho, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e também presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-CE).
"Os problemas estão centrados na incapacidade de fazer a economia crescer controlando a inflação. As incertezas econômicas advindas fazem os investimentos não reagirem, gerando um círculo vicioso de estagnação. Claro que um ano de eleição contribui ainda mais para as incertezas aumentarem, sem contar com o despertar da sociedade em seus contínuos protestos", explica Marinho.
Para se ter uma ideia, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro despencou de uma média de 4,3% ao ano, no período de 2005 a 2010, para 2% anuais, entre 2011 e 2013, enquanto a expansão do investimento caiu de 9,2% para 2,3% ao ano, em igual intervalo de tempo. Além disso, neste último triênio, a inflação média ficou em 6,1% ao ano, muito próximo do teto da meta de inflação definido pelo o governo que é de 6,5% anuais.
O fato é que, desde 2012, avaliam os especialistas, o cenário externo vem mudando em uma direção que evidencia os desequilíbrios intrínsecos ao modelo econômico vigente no País desde 2005, muito calcado no aumento do gasto público e também do crédito.
De elogios sobre o bom desempenho da sua economia e perspectivas positivas que se abriam para o País, o Brasil passou a ser visto como frágil e vulnerável diante, por exemplo, da normalização da situação dos Estados Unidos e de sua política econômica, visto que aquela país vem dando seus primeiros sinais de recuperação, desde a crise desencadeada em 2008. E, neste cenário, as expectativas para a economia brasileira em 2014 são de um desempenho ainda pior do que na média do triênio 2011-2013.
"Neste ano, o PIB brasileiro deverá crescer abaixo dos 2%, ficando em torno de 1,8%, em relação a 2013", aponta Carlo Patti, professor do Instituto de relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e pesquisador do Brics Policy Center- entidade dedicada ao estudo dos emergentes.
Desigualdade social
Outro ponto que merece destaque na atual conjuntura interna, apesar dos esforços empreendidos nos últimos anos para a redução da pobreza - sobretudo mediante os programas de transferência de renda e da política de valorização do salário mínimo -, avalia o especialista, é a desigualdade social que o País ainda enfrenta. "Apesar de o Brasil continuar com uma baixíssima taxa de desemprego, o País ainda convive com uma enorme desigualdade social. Nem mesmo os dois governos do Partido dos Trabalhadores e mais de uma década de tentativas de aumentar a inclusão social foram possíveis de avançar na solução do problema", afirma.
A maioria dos analistas de mercado acha, também, que, independentemente de quem vencer as eleições deste ano, reformas precisam ser postas em prática já em 2015, para fortalecer os fundamentos e colocar o crescimento da economia em bases mais sólidas.
O cenário básico que eles têm em mente é uma repetição de 2003. Naquele ano, o primeiro do governo Lula, houve um aperto substancial na política fiscal e monetária para aumentar a confiança no novo governo e derrubar a inflação, que atingiu 12,5% em 2002. Esta postura política - e o boom na demanda por commodities - abriu o caminho para o bom desempenho econômico do Brasil no resto da década. (ADJ).
Challenge persists
Brazil needs to grow while controlling inflation
Like their peers in the group of emerging countries, Brazil currently faces many challenges. The main one is to combine economic growth with inflation control. This situation is what draws the attention of economist Henry Marino, professor at the University of Fortaleza (Unifor). "Problems are focused on the inability to grow the economy by controlling inflation. The resulting economic uncertainties make investments unresponsive, creating a vicious circle of stagnation. Of course, an election year adds to an increase in uncertainties and does not count on society's awakening and their ongoing protests", he explains.
To have an idea, the Gross Domestic Product (GDP) fell from an average of 4.3% per year in the period 2005-2010 to 2% annually between 2011 and 2013, while investment growth fell from 9.2% to 2.3% per annum over the same period of time. Moreover, in the last three years, average inflation was 6.1% per year, very close to the inflation target ceiling set by the government of 6.5% per year.
The fact is that since 2012, the external environment has been changing in a direction that reflects the current economic model's intrinsic imbalances in the country since 2005, long hinged on the increase of public spending and credit, as evaluated by experts. In relation to compliments about its economy's good performance and positive prospects that opened up for the country, Brazil began to be seen as fragile and vulnerable on, for example, normalizing the situation with the United States and its economic policy, since the USA is showing its first recovery signs from the crisis that started in 2008. And in this scenario, the expectations for the Brazilian economy in 2014 are even worse than the average of the triennium 2011-13.
Brazil's GDP
"This year, Brazil's GDP is expected to grow less than 2%, to around 1.8 %, compared to 2013," says Carlo Patti, professor at the Institute of International Relations at the Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro (PUC-Rio) and researcher at the BRICS Policy Center, an organization dedicated to the study of emerging countries.
Another point worth mentioning is the current internal situation. According to the expert's evaluation, despite the efforts made ??in recent years to reduce poverty, especially through income transfer programs and a policy of increasing the minimum wage, the country still faces the task of reducing social inequality. "While Brazil continues with a very low unemployment rate, the country still faces enormous social inequality. Not even the two terms of the Workers' Party and over a decade of attempts to increase social inclusion have made progress in solving the problem," he says.
Most market analysts also think that regardless of who wins this year's election, reforms need to be implemented as early as 2015 in order to strengthen the foundations and put economic growth on more solid footing. The basic scenario they have in mind is a repetition of 2003. That same year, President Lula's first term, there was substantial tightening of fiscal and monetary policy to boost confidence in the new government and to bring down inflation, which reached 12.5% in 2002. This political stance and the boom in demand for commodities paved the way for Brazil's good economic performance for the rest of the decade.