Bolsonaro fala sobre crise e pede que brasileiros 'apaguem um ponto de luz em casa' para economizar

O presidente afirmou que hidrelétricas estão funcionando em seu limite, e que crise hídrica pode acarretar em fechamentos

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta quinta-feira (26) que algumas hidrelétricas podem parar de funcionar por conta da crise hídrica e pediu para a população "apagar um ponto de luz em casa" e economizar energia. País passa por dificuldades de abastecimento e vários estados veem a conta de luz disparar.

Declaração do chefe do Executivo Nacional foi feita durante transmissão nas redes sociais nesta noite. Bolsonaro afirmou que ainda que o governo não eleva as tarifas de energia "por maldade".

"Fazer um apelo para você que está em casa. Tenho certeza que você pode apagar um ponto de luz na sua casa agora. Peço esse favor a você, apague um ponto de luz agora", disse o presidente.

Conforme Bolsonaro, as usinas estão funcionando em seus limites: "Ajuda, assim, a economizar energia e água das hidrelétricas. E em grande parte dessas represas já estamos na casa de 10%, 15% de armazenamento. Estamos no limite do limite. Algumas vão deixar de funcionar se essa crise hidrológica continuar existindo".

Resistência ao racionamento de energia

Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, anunciou na quarta-feira (25) um plano de descontos na conta de luz para os consumidores regulados (ligados a distribuidoras) residenciais e empresariais que se dispuserem, voluntariamente, a economizar energia.

 A medida deverá entrar em vigor no início de setembro, mas o ministério não detalhou o plano. Albuquerque disse que, em conjunto com a agência, está definindo as metas de economia e os prêmios.

O governo rechaça que haverá racionamento de energia. Assessores do Palácio do Planalto avaliam que a adoção de um racionamento no momento prejudicaria ainda mais Bolsonaro em sua campanha pela reeleição.

Economia em queda

Bolsonaro vê sua popularidade despencar diante de medidas contra a pandemia e da degradação do cenário econômico.

"Quando decreta bandeira vermelha não é maldade. É porque precisa pagar outra fonte geradora de energia. No caso, as termelétricas, que é muito mais cara", disse Bolsonaro.

O presidente também citou a possibilidade de reduzir a cobrança de ICMS na conta de energia. Sem dar detalhes, disse que está "trabalhando nisso aí" e citou esperar que governadores deixem de aplicar o imposto estadual.

Representantes de distribuidoras, associações de consumidores e analistas de mercado estimam que a bandeira 2 vermelha — mais cara na conta de luz, terá de dobrar de valor em setembro para cobrir a alta dos custos de geração de energia.

Se a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) adotar medida nesse sentido, a conta de luz passará por um reajuste médio de 15,2%.

Crise hídrica

Com a maior crise hídrica dos últimos 91 anos no Brasil, as hidrelétricas perderam espaço na oferta, enquanto o governo se viu obrigado a acionar térmicas, fonte mais cara, cujo custo é repassado ao consumidor.

As bandeiras verde, amarela e vermelha constam da conta de luz e servem para indicar a necessidade de se reduzir o consumo. Caso contrário, o cliente paga mais.