Batata-inglesa é o novo 'vilão' no bolso e na mesa

Na Central de Abastecimento do Ceará, o valor do quilo do legume subiu 59% desde janeiro deste ano

O consumidor está no setor de frutas, legumes e verduras do supermercado, olha para o preço da batata-inglesa e toma um susto. Essa cena é cada vez mais comum em Fortaleza, onde o quilo pode custar quase R$ 8. Se o cliente pesquisar bem os preços, é possível economizar até 90%, pois existem estabelecimentos ofertando o produto por R$ 4. Ainda assim, o valor é considerado alto e já faz do legume o novo "vilão" da alimentação básica.

"Eu não costumo fazer compras aqui. Achei o preço muito caro, pensei até em desistir. Mas, já que estou precisando do produto e não tenho tempo para ir a outro lugar, vou levar. Só que coloquei na sacola uma quantidade bem pequena para o impacto não ser tão grande", fala a administradora de empresa Geane Rodrigues.

Ontem, ela fazia compras no Pão de Açúcar da Avenida Antônio Sales (Dionísio Torres), onde o quilo da batata estava sendo vendido por R$ 7,68, o valor mais caro entre os seis supermercados pesquisados pela reportagem do Diário do Nordeste. O menor preço identificado foi no Center Box da Avenida Frei Cirilo (Messejana). Lá, o quilo da mercadoria vale R$ 4, uma considerável variação de 92%.

"Infelizmente, os custos com itens da cesta básica estão sendo altos em todo o Brasil. Parece que a situação em Fortaleza é uma das piores. Isso pesa no orçamento e nos obriga a comprar menos", reclama o aposentado Mário Cardoso. Apesar de gostar alimento, ele também não arriscou levar muitas batatas.

O preço do legume na Central de Abastecimento do Ceará (Ceasa), no município de Maracanaú, vem disparando. Em janeiro deste ano, os valores relativos à batata eram R$ 2,20 (quilo) e R$ 110 (saca de 60 kg). Atualmente, são R$ 3,50 e R$ 160, diferenças de 59% e 45%, respectivamente.

Ceasa

De acordo com o chefe da Unidade de Informação de Mercado Agrícola da Ceasa, Odálio Girão, a drástica mudança está ligada à seca que atinge o Sudeste, cujo maior produtor da região é Minas Gerais. Consumidores de todo o País vêm sentindo as consequências no bolso.

"A batata que a gente consome no Ceará vem, principalmente, de Minas Gerais, mas também compramos da Bahia e do Paraná, só que em menor quantidade. Mas os fatores climáticos nesses estados não estão tão favoráveis. Houve uma grande quebra de safra", explica.

Preço congelado

Ele lembra que a batata é um item comum à mesa do consumidor brasileiro, sendo o Sudeste o principal distribuidor. Como a produção na região vem sendo comprometida pela falta de chuva, Odálio Girão acredita que, no Ceará, os preços do legume devem permanecer elevados nos próximos meses. "Em abril, a batata estava ainda mais cara na Ceasa, porém, conseguimos segurar os preços, que estão sendo repassados agora ao consumidor", afirma.

"Estados como São Paulo e Rio de Janeiro são prioridade para os distribuidores, devido à quantidade expressiva de estabelecimentos de fast-food. A demanda deles é grande e os preços também estão caros por lá". O gestor destaca que, por conta da nova "vilã", lanchonetes e restaurantes, por exemplo, podem repassar o impacto para o consumidor final, encarecendo pratos feitos com o produto.

Tomate

O tomate, que foi o grande "vilão" do ano passado no Brasil, ainda registra preços elevados em Fortaleza. Entre os supermercados visitados pela reportagem, o maior valor registrado foi R$ 6,45 (quilo).

No mês passado, os clientes da Ceasa podiam comprar a caixa com 25 quilos de tomate por R$ 65, preço que saltou para R$ 120 neste mês (alta de 84%). Por outro lado, itens como feijão verde, quiabo, maxixe e abóbora estão mais baratos.

Raone Saraiva
Repórter

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