Com atrasos recorrentes nos repasses do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) para as construtoras desde janeiro, cerca de 16 mil empregos no Ceará podem estar ameaçados caso a situação não seja regularizada nas próximas semanas. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), André Montenegro, apenas a Faixa I do programa gera aproximadamente quatro mil empregos diretos no Estado.
"As construtoras não suportam mais atrasos e se, realmente, nós não tivermos uma sinalização desses pagamentos, as obras vão sofrer atrasos, podendo até comprometer o futuro das empresas", diz Montenegro. Ele diz que o ritmo das obras já foi diminuído e que já começaram a fazer demissões. "Antes você recebia o pagamento em 48 horas ou 72 horas, mas, desde janeiro, não dá para fazer planejamento. Os fornecedores estão em atrasos e temos 16 mil empregos que podem ser perdidos por conta de atrasos. O prejuízo é incalculável".
Ontem (20), o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Henrique Canuto, disse que o menor fluxo de recursos para o programa nos dois primeiros meses do ano se deu por conta de ajustes fiscais e maior austeridade do Governo Federal. Mas que, em março, foi antecipado um repasse de R$ 600 milhões para todo o Brasil.
"Para o Ceará, vai depender das demandas já aprovadas pelo banco e, a partir de abril, a situação já fica melhor", disse o ministro durante visita a Fortaleza para entrega de 1.248 unidades habitacionais do programa.
Montenegro, que se reuniu com o ministro antes da cerimônia de entrega, se disse confiante com a regularização dos repasses. "Segundo ele (Canuto), até a próxima semana ou fim do mês, os pagamentos estarão em dia. Vamos ficar atentos, porque se isso não ocorrer, algumas empresas podem quebrar", disse o presidente do Sinduscon-CE.
Cidade Jardim II
Ontem, o ministro, ao lado do governador Camilo Santana e do prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, participaram da entrega de 1.248 unidades habitacionais do Residencial Cidade Jardim II, no bairro José Walter.
O empreendimento contou com um investimento total de R$ 89,8 milhões, sendo R$ 78,6 milhões do Governo Federal e R$ 11,2 milhões do Governo do Ceará. "Aqui, entregamos a terceira etapa. Restam pouco mais de 700 unidades para completar as quase seis mil unidades desse residencial", disse o governador.
O complexo Cidade Jardim II possui um total de 5.968 unidades habitacionais. Com esta terceira etapa de entregas, totalizam 5.232 apartamentos inaugurados. O empreendimento tem como agente financeiro o Banco do Brasil, com um investimento total de R$ 358.272.000,00, sendo R$ 313.488.000,00 da União e R$ 44.784.000,00 do Estado.
Habitação
O trabalho conjunto entre os poderes executivos tem como objetivo reduzir o déficit habitacional na Capital cearense, segundo o prefeito Roberto Cláudio. "Esta parceria buscando apoio e financiamento tem garantido que a gente execute a maior política habitacional de Fortaleza. Nesses oito anos, vamos entregar em Fortaleza em torno de 30 mil casas populares de muita qualidade para dar dignidade a essas famílias. É um dos direitos mais básicos", informou Roberto Cláudio.
Empresários acusam atrasos dos repasses de pagamentos das construtoras do programa MCMV desde janeiro. Governo alega demora por conta do ajuste fiscal e promete resolver situação até o fim do mês.