A invasão de hackers, na semana passada, ao sistema de informática da Companhia Docas do Ceará (CDC), administradora do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, afetou parcialmente as operações do terminal, incluindo a exportação de frutas. Segundo a CDC, as áreas de Recursos Humanos, Contábil e Patrimonial, além do site, entre outras, estão com os sistemas operantes.
De acordo com Luiz Roberto Barcelos, sócio-diretor da Agrícola Famosa, os processos de exportação de frutas tiveram impactos. "Apesar da gravidade do problema, o porto conseguiu manualmente fazer toda a operação e toda a emissão de documentos, todos os trâmites e processos. Eles fizeram fora do sistema, porque ele não está funcionando. Os problemas foram mínimos", avalia.
Segundo ele, os maiores problemas para o setor foi ter que enviar ao porto um portador de informações, porque os e-mails do Porto do Mucuripe não estão funcionando. "A gente não conseguiu fazer envio de e-mail porque eles não estão conseguindo acessar. A gente teve que mandar um portador para levar em mãos. Eles também não conseguiram emitir recibo daquilo que nós pagamos. É mais uma questão de faturamento. Mas o contêiner saiu, deu tudo certo", acrescenta.
De acordo com Rômulo Holanda, analista de exportação da Frota Aduaneira, os processos de exportação e importação ainda estão funcionando manualmente. "A informação que eu consegui é que continua demorando um pouco. A demora é ocasionada porque todo o acesso ao porto está sendo realizado de forma manual e, por isso, as filas continuam um pouco grandes".
O analista de exportação diz ainda que não existe previsão para que os sistemas voltem à normalidade. "Eu até perguntei à administração portuária se existe uma previsão para o sistema voltar ao normal, mas como teve essa invasão então não existe uma previsão para que isso se normalize. Os efeitos são em cascata e afeta toda a cadeia".
Sem filas
Ele reforça que há um esforço da CDC em solucionar de forma manual os problemas. A administradora do Porto do Mucuripe diz que, atualmente, não existem navios ou caminhões parados para serem atendidos e que os processos de importação e exportação não estão sendo prejudicados. "O que pode ocorrer em alguns momentos do dia é fila no portão de acesso, porém sem prejuízo para o embarque de mercadorias no navio", informa a CDC.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos) diz que o problema no porto ainda não influenciou a distribuição de combustíveis em Fortaleza.
A Companhia Docas também afirma que, após a detecção do ataque, a administradora instaurou um comitê de crise que fez uma avaliação dos processos críticos à continuidade do negócio e estabeleceu medidas para que os serviços aos usuários continuem sendo executados.