Após tombo no 1º semestre, exportadores de redes preveem recuperação

Volume de redes exportadas do Ceará caiu 20% nos seis primeiros meses do ano. Como os pedidos foram apenas adiados, e não cancelados, o setor planeja terminar o ano com números estáveis na comparação com 2019

Diante das restrições para o funcionamento da indústria devido à pandemia, as exportações cearenses de redes apresentaram uma queda de 20,9% no primeiro semestre de 2020 na comparação com os seis primeiros meses de 2019. Ao todo, o setor exportou US$ 705,6 mil no período. Apesar do cenário adverso, o Ceará permaneceu como o principal exportador do setor de redes do Brasil, seguido pelos estados do Paraná e de São Paulo.

O resultado do segmento acompanhou a queda registrada nas exportações totais do Estado durante o período, mas, diferentemente de outros setores, na indústria de redes em geral não houve cancelamento de pedidos, apenas adiamento. E a expectativa é que essa demanda seja atendida no segundo semestre, com a operação plena das fábricas.

"Essa retração é bem similar à retração que o Estado passa em relação a todos os seus segmentos, já que as exportações do Ceará como um todo sofreram uma redução de quase 20%", diz Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN), da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). "Apesar da retração da economia global, as redes seguem com os seus pedidos que já haviam sido feitos. Não houve cancelamento de pedidos".

Segundo Emílio Ramalho, diretor da Ramalho Têxtil e diretor do Sindicato das Indústrias de Redes do Estado do Ceará, mesmo com a manutenção dos pedidos por parte dos importadores, a falta de voos diretos entre Fortaleza e Europa vem onerando os custos logísticos, uma vez que o envio aéreo tem de passar por conexões em São Paulo. "Isso amplia o tempo de viagem e atrasa a entrega, além de aumentar os nossos custos".

Ramalho diz que cerca de 80% da sua produção segue para o mercado externo e, até que os voos sejam regularizados, a empresa irá operar com 100% da capacidade. "Inicialmente, a gente considerava a possibilidade de cancelamento de pedidos, mas para nossa empresa não houve. Agora, a gente está trabalhando para conseguir manter o mesmo número do ano passado", aponta. O empresário diz ainda que conseguiu manter 100% dos colaboradores graças à demanda externa.

Segundo levantamento mensal realizado pelo CIN, de janeiro a junho, a França foi o principal destino das exportações cearenses do setor de redes. O país foi responsável por comprar mais de 30% de tudo que o setor vendeu para o exterior, somando US$ 214,1 mil. A Alemanha, segundo maior comprador, adquiriu US$ 207 mil de redes cearenses. Hoje, a participação do setor na pauta de exportações cearenses representa apenas 0,03% do total.

Municípios

No semestre, Fortaleza foi responsável por cerca de 55% das exportações de redes do Estado, com o valor de US$ 385 mil. Em seguida aparecem os municípios de Jaguaruana (US$ 228 mil) e Eusébio (US$ 69,9 mil).

O produto com maior procura internacional foram as redes que compõem o grupo "Redes de malhas com nós, etc, de outras matérias têxteis", com o valor de US$ 664,8 mil. O município de Maranguape apresentou alta de 162% das exportações no semestre (US$ 21,6 mil).