Na esteira da quebra do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, as ações do banco Credit Suisse também despencaram, nesta quarta-feira (15), na Bolsa suíça. O movimento de queda ocorreu após o principal acionista saudita anunciar que não vai apoiar a instituição com um aumento de sua participação no capital.
Apesar de as medidas das autoridades americanas e as garantias dos governos europeus sobre a solidez dos sistemas bancários após a falência do banco californiano SVB terem conseguido estabilizar um pouco os mercados, a situação continua sendo considerada frágil.
O movimento reflete o temor sobre os desafios do banco para estabilizar suas operações devido aos péssimos resultados financeiros da instituição.
Para se ter ideia, às 10h40 de hoje (7h40 no horário de Brasília), o título do segundo maior banco da Suíça caiu 19,7%, a 1,7985 franco suíço, após registrar o mínimo histórico de 1,7070 CHF durante a sessão.
Nesse contexto, as Bolsas europeias operavam em queda expressiva nesta quarta-feira (15), em meio aos temores sobre o setor bancário, em particular com o Credit Suisse.
Qual a relação do acontecimento com o banco saudita?
O Banco Nacional Saudita se tornou o maior acionista do Credit Suisse, durante um aumento de capital anunciado em novembro, para financiar uma grande reestruturação da instituição.
Questionado pela Bloomberg TV se o banco saudita poderia investir mais na instituição, o presidente Amar Al Judairy descartou a opção. “A resposta é absolutamente não, por várias razões cada vez mais simples, que são regulatórias e estatutárias”, declarou.
Os sauditas possuem atualmente 9,8% do banco suíço. “Se superarmos 10%, entram em vigor uma série de novas regras”, explicou.
O presidente do Credit Suisse, Axel Lehmann, afirmou que o estabelecimento não precisa de ajuda governamental. “Não é um tema”, afirmou durante uma conferência do setor bancário na Arábia Saudita. “Temos índices financeiros sólidos, um balanço sólido”, insistiu.
Entenda quando a crise começou
O Credit Suisse está no olho do furacão há vários meses e, no fim de 2022, precisou levantar fundos e arrecadou 4 bilhões de francos suíços (4,4 bilhões de dólares), por meio de um aumento de capital que permitiu a entrada do banco saudita.
No início de março, o fundo de investimentos americano Harris Associates, que era um dos acionistas mais importantes, vendeu toda sua participação no banco.
A sombra da falência do SVB
Após a falência do banco californiano Silicon Valley Bank (SVB), “parece que cada vez mais os investidores olham para o Credit Suisse como a próxima peça do dominó mais provável (a cair)”, comenta Neil Wilson, analista da consultoria Finalto.
O Credit Suisse, abalado por vários escândalos, registrou um prejuízo líquido de quase 7,3 bilhões de francos suíços (7,917 bilhões de dólares) em 2022.
Este foi o pior resultado de um banco suíço desde a crise financeira de 2008, quando a instituição registrou prejuízo superior a 8 bilhões de francos.
Impactos pelo mundo
Em outros países europeus, as ações do vários bancos também estavam em queda: BNP Paribas -12,02%, Société Générale -11,93%, Banco Sabadell -8,82%, ING -8,26%, Commerzbank -11,57%, Deutsche Bank -8,22% e Unicredit -7,39%.
Desde o início da semana, quase todos os bancos perderam mais de 10% do valor na Bolsa - alguns deles retrocederam mais de 15%.
O cenário de instabilidade também afetou o petróleo e o contrato do barril americano WTI registrou nesta quarta-feira a menor cotação desde dezembro de 2021.
Às 11h30 GMT (8h30 de Brasília), o barril de West Texas Intermediate (WTI) para entrega em abril recuava 1,53%, a US$ 70,24, depois de ter sido negociado brevemente abaixo da marca de US$ 70, a 69,76 dólares.
Seu equivalente europeu, um barril de Brent do Mar do Norte para entrega em maio, perdia 1,43% e era negociado a US$ 76,34, o menor nível do ano.
O euro também foi afetado: a moeda única recuava 1,24%, a 1,0599 dólar às 11H25 GMT (8H25 de Brasília).