A Bolsa de Valores (B3) abriu, na última quinta-feira (22), a possibilidade de investidores pessoas físicas negociarem BDRs (recibos depositários de ações, na sigla em inglês). Com a novidade, 59,358 mil cearenses terão mais facilidade para aplicar em empresas de capital aberto fora do Brasil sem precisar ter conta em corretoras de investimentos no exterior.
Negociar BDRs estava restrito a investidores que têm mais de R$ 1 milhão aplicado. O acesso de pessoas físicas à modalidade era um pedido antigo de instituições financeiras, especialmente depois que algumas empresas do Brasil tiveram o capital aberto. Foi então que, em agosto, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) liberou os papéis a todos, mas a B3 pediu um tempo para alterar o Regulamento para Listagem do Manual do Emissor, o que ocorreu na última terça-feira (20).
Em nota, a B3 informou que a expectativa é "fomentar o mercado nacional, aumentando a diversidade de produtos disponíveis ao investidor local, incluindo o varejo, que demanda uma crescente diversificação de portfólio e exposição a ativos estrangeiros, e também incrementar as oportunidades de captação de recursos pelos emissores".
Conforme o consultor de investimentos Gustavo Farias, a novidade é vista de maneira positiva, já que desburocratiza as formas de investimentos no exterior, abrindo as possibilidades para uma gama de opções em outros países.
Alto risco
No entanto, ele chama a atenção para os altos riscos de negociar BDRs, por causa do sobe e desce do mercado financeiro, que tem várias oscilações, o que torna necessário estudar ainda mais sobre a empresa na qual a pessoa fará investimentos. "Por isso é importante a diversificação, já que reduz o alto risco. Se eu dependo só de ações brasileiras, e a B3 cai, ocorre o mesmo com o meu portfólio, mas se eu aplico em vários países, não necessariamente a minha carteira de investimentos cairá naquele dia", afirma.
Negociações
Gustavo Farias explica que as negociações em BDRs são feitas em reais, mas o depositário responsável pela BDR converte automaticamente em dólares e compra ações equivalentes. Para ele, diversificar os ativos faz com que as aplicações não dependam unicamente dos rumos econômicos do Brasil. "Aqui, se a inflação dispara, ou a B3 despenca, as ações lá de fora não mudam. Isso só ocorre de acordo com o que está acontecendo no país onde se está investindo".
O consultor de investimentos alerta para a influência que a variação do câmbio tem sobre o BDR. "Caso o valor da ação não se altere em dólares, se o dólar subir 1%, a ação sobe 1% em reais. Porém, a valorização de uma BDR sempre será a junção dos dois fatores: dólar + valorização da ação", diz. A tributação completa é de 15% sobre ganho de capital e 20% sobre os ganhos de day-trade, igual às ações brasileiras. "A diferença é que seus dividendos são tributados na forma de renda dentro do seu imposto de renda".