O uso adequado de máscaras em crianças e adolescentes para evitar o contágio pelo novo coronavírus exige atenção especial, como alerta nota Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), divulgada na última sexta-feira (29). Deve ser verificado tamanho da máscara, material, tempo de uso e comportamento do público infantil para garantir a efetividade do equipamento de proteção.
As crianças menores de dois anos de idade não devem usar máscaras devido ao risco de sufocação com a salivação intensa. Os bebês possuem vias aéreas pequenas e têm imaturidade motora que aumentam as chances de acidentes com os equipamentos de proteção.
Já entre os dois e cinco anos, o uso das máscaras de tecido deve ser feito com supervisão constante. “Na criança em especial, ela vai querer retirar, vai se sentir incomodada com a necessidade de ajustes frequentes por parte dos pais, portanto, o benefício poderá não compensar o risco. É indicado avaliar individualmente a possibilidade e pertinência do uso, conforme o grau de maturidade de cada criança”, recomenda a nota.
Os pequenos de seis a 10 anos já podem auxiliar no procedimento de colocação e troca de máscaras, mas ainda exigem supervisão. “As crianças mais novas passam mais tempo brincando, dedicando certo tempo a esportes, clubes, grupos de igreja, escotismo, acampamentos, aulas particulares e outras atividades organizadas”, observa.
As instruções para uso e cuidados com as máscaras de tecido são melhores compreendidas por crianças acima de 12 anos. Esse público pode seguir as orientações de forma mais autônoma ao sair de casa. Ainda assim, a SPB lembra a necessidade do cumprimento de distanciamento social para evitar o contágio pelo novo coronavírus.
Cuidados
Tatiana Medina, de 41 anos, consegue com que a filha Alice, de 4 anos, use as máscaras coloridas - melhor aceitas - e do tamanho adequado para evitar a contaminação e o desconforto. “Ela participou desse processo de escolha das estampas, quando chegou foi uma festa e ela sai de casa muito pouco. Então, ela não se nega a usar, mas também porque não é de uso prolongado”, explica.
Os vídeos lúdicos ensinam outras forma de prevenção como a maneira correta de lavar as mãos. “A gente já tinha as máscaras durante o isolamento rígido e, conforme for liberando, ela vai poder usar de maneira tranquila. Mesmo na escola, que talvez vá começar só em agosto, não tem problema”, acrescenta.
Dicas da Sociedade Brasileira de Pediatria:
- Adquirir máscaras de acordo com o tamanho do rosto da criança ou adolescente.
- Os responsáveis devem colocar a máscara sempre com as mãos limpas e a retirada precisa ser feita pelas alças laterais para evitar contaminação.
- Lavar com água e sabão abundantes ou deixar de molho em solução de água sanitária (1 colher de sopa para 500ml de água) por 30 minutos.
- Após a secagem, passar ferro quente, de ambos os lados, armazenando em saco plástico limpo.
- Lembrar que as crianças vão aprender mais facilmente com a repetição e com ensinamentos e exemplos positivos.
- Caso a máscara caia no chão durante o uso, ela deverá ser substituída por outra limpa, imediatamente.
- Ensinar as crianças a tossir e espirrar em um lenço de papel ou no braço e cotovelo, nunca nas mãos.
As máscaras de tecidos diminuem os riscos de transmissão da Covid-19 porque são capazes de reter grande parte das gotículas expelidas por quem está ao redor. “Para quem está com coriza o uso é muito necessário porque, quando tosse, espirra ou fala, grande parte das gotículas ficam presas na máscara e assim é possível evitar maior contaminação do ambiente e de outras pessoas”, acrescenta a nota.
Os equipamentos feitos em casa devem ser estruturados com duas camadas de tecido de modo a cobrir totalmente a boca e nariz. Todas as máscaras devem ser usadas no período máximo de 2h e de uma forma que fique bem ajustada. “Devem ser evitados os tecidos que possam irritar a pele, como poliéster puro e outros sintéticos, o que faz a recomendação recair preferencialmente por tecidos que tenham praticamente algodão na sua composição”.
Crianças e adolescentes que apresentam atrasos no desenvolvimento e condições específicas, como Transtorno do Espectro Autista (TEA), deficiência intelectual, transtornos do comportamento, podem ter mais resistência ao uso da máscara. A SPB alerta que nestes caso deve ser feita uma avaliação de como os pequenos se adaptam ao uso das máscaras.