As obras de dragagem da orla de Fortaleza foram concluídas no último sábado (16), três meses após o início da intervenção. Com o fim da retirada da areia do fundo do mar para a costa, a faixa de praia cresceu. No trecho 1, que contempla a área entre as avenidas Desembargador Moreira e Rui Barbosa, a expansão foi de 80 metros; enquanto o 2, entre a Rui Barbosa e a Rua Ildefonso Albano, conta agora com 40 metros a mais.
As informações são da titular da Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf), Manuela Nogueira. Segundo explica, o processo de recomposição da costa ou dragagem, como é mais conhecido, foi executado com o auxílio de um navio da Bélgica por uma empresa brasileira que ganhou a licitação da Prefeitura de Fortaleza. Além do desassoreamento, a embarcação ajudou na instalação das tubulações que serviram para a engorda do aterro.
"Foi usado esse método porque é bem mais rápido e efetivo e traz menos impactos até para a cidade. Imagina se eu tivesse que trazer todo aquele volume de areia que foi depositado lá de caminhão atravessando pela cidade", argumenta a secretária municipal sobre a escolha de uma draga belga para fazer o serviço.
O cronograma da obra de requalificação da Beira-Mar é dividido em duas etapas: dragagem e urbanização. Depois da sucção da areia finalizada no fim de semana passado, a única pendência para o término da primeira fase é a compactação da areia e terraplanagem nos dois trechos. Os serviços foram começados imediatamente após o fim da dragagem.
"A partir de sábado, que foi a data que finalizou esse processo, a gente começou o que é chamado leigamente de espalhar essa areia, de fazer essa compactação, trabalhando prioritariamente no trecho 2 que é onde não temos obra de drenagem, não tem obra de urbanização, é somente a recomposição da costa", detalha.
Prazo
A Seinf espera concluir esta etapa no trecho 2 até o próximo mês de dezembro quando a faixa de areia estará livre para o tráfego de banhistas sem as tubulações que auxiliaram na dragagem. Já o trecho 1 continuará seguindo o planejamento de término para agosto de 2020, prazo inicial de entrega da nova Beira-Mar.
Com a retirada dos equipamentos da primeira fase, a secretária garante que Fortaleza terá mais uma edição do Réveillon na Praia de Iracema. A área será desocupada a tempo de receber a estrutura da festa, que era vista por empresários como incerta em função das obras. Conforme Manuela Nogueira, mesmo com a feira da Beira-Mar funcionando de forma provisória no aterro, os visitantes do evento não serão prejudicados com o espaço.
"O nosso Réveillon acontecerá, mas com um diferencial que neste ano a gente terá mais espaço, mais pessoas podem se programar para ir passar lá. Até o ano passado, era o segundo maior do Brasil, quem sabe a gente consiga fazer o maior neste ano. Então, ao contrário da preocupação daqueles que operam o Réveillon, este ano a gente terá um espaço mais confortável", justifica.
Em abril último, o prefeito Roberto Cláudio assinou a ordem de serviço para a construção do novo aterro da Beira-Mar. No mesmo mês, houve a montagem da tubulação na faixa de praia, mas a dragagem iniciou apenas em agosto. A segunda etapa, a urbanização do trecho 1, contará com calçadão e iluminação novos, fiação embutida, quiosques de alimentação e bebidas, parque infantil além do reordenamento da tradicional feira da Beira-Mar.
"Como a gente vai receber obras de drenagem e urbanização, esse trecho receberá uma compactação maior, visto que em cima dele, a gente vai colocar calçada, pista e equipamentos. No trecho 2 é só uma regularização, deixar de forma que fique confortável para que as pessoas a pé consigam andar lá", pondera.
Investimento
Orçada em R$ 67 milhões, a obra tem 47% do novo sistema viário concluídos, dos 3,3km de extensão das ciclovias, 39% foram entregues; 3,5% dos equipamentos instalados, 15% do calçadão e 27% das calçadas, informa a Prefeitura de Fortaleza. Ainda de acordo com a secretária municipal da Infraestrutura, a intervenção está dentro do prazo.
Desde o anúncio da reforma, a obra na orla da Capital é cercada de questionamentos por parte de ativistas ambientais. O grupo aponta riscos às espécies marinhas ao mesmo tempo em que contestam a real necessidade do projeto. Já na esfera judicial, a intervenção tem sido observada também pelo Ministério Público Federal no Ceará (MPF-CE), conforme reforçou em entrevista o procurador da República Alessander Sales. "A Prefeitura vai monitorar a obra e o Ministério Público Federal vai acompanhar. É um processo permanente", complementa.
No entanto, a Prefeitura de Fortaleza justifica que a reforma da Beira-Mar atende a critérios técnicos e os impactos estão sendo monitorados em conjunto com a Universidade Federal do Ceará (UFC), a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e a Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (ONG Aquasis).